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Após 21 anos, Ajax volta a uma final europeia e tenta ressurgir no continente

Vinte e um anos depois da geração que lançou para o futebol nomes como Van der Sar, Davids, Seedorf, Frank e Ronald De Boer, além de Kluivert, o Ajax está novamente em uma decisão continental. A equipe atual, é bem verdade, parece distante do talentoso time montado no meio dos anos de 1990, mas o confronto contra o Manchester United nesta quarta-feira, em Solna, nos arredores de Estocolmo, na Suécia, às 15h45 (de Brasília), pela decisão da Liga Europa, representa a chance de o time holandês voltar a ter relevância no Velho Continente.

Em meio às promessas daquela geração, alguns jogadores davam ao elenco um ar mais experiente. O zagueiro Danny Blind era o capitão e hoje vê seu filho Daley vestir as cores justamente do Manchester United. No meio de campo, Jari Litmanen era o cérebro da equipe. E, em 1995, a saída de Frank Rijkaard resultou na contratação do primeiro brasileiro da história do clube: Márcio Santos, tetracampeão mundial em 1994.

“O Ajax era o time do momento, a bola da vez do mundo, o melhor em atividade. Foi o clube mais vitorioso em que atuei. Disputamos cinco torneios e perdemos um (na temporada 1995/1996). Era muito gostoso jogar ali”, lembrou o jogador em entrevista exclusiva ao Estado. “Fui para o lugar do Rijkaard, para jogar de líbero. Eu estava bem na Fiorentina, eles me viram, e fui para lá.”

Em meio às diferenças entre as gerações, uma semelhança anima os torcedores holandeses. Se há duas décadas aqueles jovens jogadores escreviam o nome na história do futebol europeu ao levarem o Ajax ao título da Liga dos Campeões de 1994/1995 e ao vice em 1995/1996, o atual elenco também é formado por promessas que ainda buscam seu espaço.

“O clube tinha a mentalidade de formar jogador. Para jogar naquele sistema, tinha que começar novo, entender desde cedo. Naquela época, eles pagavam bem para contratar jogadores novos, no sub-20”, recordou Márcio Santos. “Quando os jovens chegavam ao time de cima, era impressionante. A desenvoltura, a falta de receio. Era um sistema complexo, mas eles chegavam tranquilos porque já entendiam.”

Em especial, Patrick Kluivert, na época com 19 anos, chamava a atenção do brasileiro. Para Márcio Santos, um centroavante da qualidade do holandês é o que torna aquele Ajax melhor até do que o Barcelona da atualidade. E o sobrenome Kluivert segue vivo no clube de Amsterdã, através de Justin, filho de Patrick de apenas 18 anos, que é uma das apostas para a decisão deste domingo.

“O Barcelona é o time do momento, igual era o nosso. Só que a gente era muito melhor. Jogávamos com dois pontas e o Kluivert de centroavante. Também tínhamos 70% de posse de bola contra qualquer time, mas a gente era mais objetivo. Sabíamos que podíamos contar com o Kluivert.”

Apostando novamente na base, o Ajax tem a chance de ressurgir no cenário continental nesta quarta. Talvez não volte a brigar tão cedo com clubes como o próprio Barcelona, mas a retomada da identidade que sempre caracterizou o clube holandês já enche os torcedores e o próprio Márcio Santos de esperanças para o futuro.

“Acho que essa final pode ser a volta do Ajax, desta cultura. Vão disputar uma decisão importante com muitos moleques. Sendo campeão ou não, estão apostando de novo em um sistema desde os jovens. Já está surtindo efeito. Vai dar o que falar, vai voltar a ser um time vencedor.”

MANCHESTER UNITED – Depois de viver vários anos gloriosos em décadas recentes, o Manchester United vê a sua passagem para a final da Liga Europa representar a esperança de dias melhores para o clube inglês. Sem se encontrar desde a saída do técnico Alex Ferguson, o time viu os rivais dominarem o cenário inglês nos últimos anos e passou por uma grande reformulação para tentar se reerguer.

Comandado por José Mourinho, o valioso elenco, que conta com nomes como Paul Pogba, Wayne Rooney e Zlatan Ibrahimovic, foi somente o sexto no Campeonato Inglês e ficou de fora mais uma vez da Liga dos Campeões por meio da competição nacional. Por isso, a conquista da Liga Europa é vista como fundamental para embalar este processo de reconstrução, pois também vale uma vaga na fase de grupos da Liga dos Campeões. O maior obstáculo nesta final, no entanto, será a ausência do lesionado Ibrahimovic, principal destaque do Manchester nesta temporada.

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