Bolsonaro anula volta de chefe da Funarte

O presidente Jair Bolsonaro tornou sem efeito o ato do chefe da Casa Civil, general Walter Braga Neto, que renomeou para a presidência da Funarte o maestro Dante Mantovani, afastado do cargo logo após a posse da nova secretária de Cultura, Regina Duarte. A decisão de Bolsonaro atendeu a pressões de dentro e de fora do Planalto.

Nesta quarta-feira, 6, está previsto um almoço entre Regina Duarte e Bolsonaro no Palácio do Planalto, para tentar amenizar o descontentamento de lado a lado.

O presidente está convencido de que Regina é muito suscetível ao setor, considerado "todo de esquerda". Já a secretária se sente desprestigiada, sem poder algum e sem condições de montar a própria equipe.

Regina foi surpreendida com a renomeação de Mantovani, publicada no Diário Oficial de terça-feira. O ato foi entendido internamente no governo como uma sinalização de que o prazo da atriz na pasta está prestes a vencer.

Na secretaria de Cultura, o processo de "fritura" de Regina é tema recorrente entre os integrantes da pasta.

Em entrevista na porta do Alvorada, Bolsonaro já chegou a reclamar que queria Regina "mais próxima" e a pasta dela "tem muita gente de esquerda pregando ideologia de gênero, essas coisas todas que a sociedade (…) não admite".

Depois de dizer que ela é "uma excelente pessoa", criticou que "tem dificuldade nesse sentido".

Mantovani entrou na Funarte na gestão de Ricardo Alvim, demitido da Cultura por manifestações de cunho nazista.

O maestro chocou o mundo artístico e a opinião pública ao declarar que "o rock ativa a droga, que ativa o sexo, que ativa o aborto, que ativa o satanismo".

Ao assumir, Regina Duarte tratou rapidamente de afastá-lo. Ela, porém, não consegue nomear seus preferidos para cargos de ponta da Cultura e, ainda por cima, tem sido obrigada a engolir nomes impostos pela chamada "ala ideológica" do governo, comandada pelos filhos do presidente.

<b>Palmares</b>

Um desses nomes é o de Sérgio Nascimento, negro que rejeita publicamente a existência de racismo no Brasil e já opinou publicamente que a escravidão foi positiva para os negros brasileiros. Regina tentou demiti-lo da Fundação Palmares, responsável pelas políticas dedicadas às artes negras. E não conseguiu.

Assim como o juiz Sérgio Moro abandonou 22 anos de magistratura para entrar no Ministério da Justiça do governo Bolsonaro, Regina Duarte abdicou de cinco décadas como estrela da Rede Globo para assumir a Secretaria de Cultura.

O padrinho de sua nomeação foi o general Luiz Eduardo Ramos, amigo de sua família, mas desde a posse ela sofre reveses e começou a ser criticada até em entrevistas por Bolsonaro.

Ao tornar sem efeito a recondução de Mantovani e convidá-la para almoço, o presidente dá demonstrações de que não pretende perdê-la no cargo, pelo menos não já. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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