Campeã mundial, Pâmela Rosa adapta treinos na garagem de casa com foco em Tóquio

Campeã mundial de street, a skatista Pâmela Rosa tem tudo para ser um dos principais nomes da delegação brasileira nos Jogos de Tóquio, quando a modalidade fará sua estreia no programa olímpico. A atleta de 21 anos vinha em um ótimo momento quando chegou a pandemia de covid-19 e paralisou todas as competições esportivas.

Para não perder tempo, ela comprou obstáculos e adaptou um pequeno espaço na garagem de sua casa em São José dos Campos para continuar treinando suas manobras. O objetivo é chegar bem na Olimpíada e, quem sabe, confirmar o favoritismo e ganhar o primeiro ouro da história do skate nos Jogos. Confira a entrevista ao Estadão.

Como você tem lidado com a pandemia de coronavírus?
Eu vinha de um 2019 muito bom, mas infelizmente aconteceu tudo isso e seguramos tudo o que estava programado. Foi ruim, mas por outro lado foi bom porque consegui treinar mais. Meus pais têm um pouco mais de idade, então procurei me cuidar.

Você conseguiu treinar nesse período?
A gente conseguiu comprar uns obstáculos e treinamos na garagem de casa. Então aproveitava isso para não ficar parada, pois uma atleta precisa sempre estar evoluindo. O nível no skate está crescendo bastante.

Você é considerada talvez a maior chance de ouro do Brasil em Tóquio. Esperava ter esse "peso" nas costas?
Eu não levo isso como algo ruim, eu levo como uma coisa boa, que as pessoas estão torcendo por mim. Vou dar meu melhor, mas tento pensar que será uma competição como outras. Vou fazer o que posso para trazer um bom resultado.

Curiosamente, as principais atletas que podem tirar o ouro de você são brasileiras, como a Rayssa Leal e a Leticia Bufoni. Como é a relação de vocês?
Todas as skatistas que estão entre as 20 classificadas têm como objetivo ganhar a competição, então eu coloco todas com chances. Cada dia que passa eu me surpreendo ainda mais com a qualidade delas. Sempre vai ser assim. Sobre a Rayssa e a Leticia, somos muito amigas. Nos campeonatos, sempre tem um incentivando o outro, isso é normal no skate, até com outras atletas. Claro que cada um está com um objetivo, mas a amizade continua.

Você é a atual campeã mundial de street e já tem deixado um grande legado no skate. Como se sente?
Eu fico muito feliz de estar incentivando e poder estar inspirando muitas meninas que estão começando a andar de skate. Tenho orgulho enorme de estar junto com elas, estamos ali para nos divertir. O skate mudou muito e estamos felizes porque está crescendo demais. Agora estamos muito focadas para ir bem na Olimpíada.

Você acabou de anunciar mais um patrocínio. Essa entrada do skate no programa olímpico também atraiu mais investimentos?
Eu acho que todo apoio vem para somar. Eu acabei de acertar com a BV e tenho ainda Nike, G-Shock, TNT, Avon. Sem contar Bolsa Atleta e recursos da CBSk. Acho importante ter patrocínios de fora do mundo do skate também, é uma tendência. Acabei de fechar agora com um novo patrocinador e outros atletas também. Tenho ainda a parceria de uma construtora de São José dos Campos. Antes era um esporte marginalizado, mas marcas de fora estão de olho.

Sua situação financeira melhorou também?
Todo mundo fala que eu estou ficando rica, mas não é isso (risos). A gente acaba investindo muito na minha carreira. Por exemplo, eu não viajo sem minha mãe ou meu empresário. Por isso ter patrocinadores ajuda muito. Na pandemia contei com personal, fisioterapeuta… Tudo que faço é para o nosso bem e cada dia que passa investimos mais.

Os atletas costumam ter pouco tempo para a vida social. Como é isso para você?
Eu consigo conciliar muito bem. Claro que tenho saudade do futebol ou da escola de samba, mas sei que meu momento agora é o skate. Ele é o nosso trabalho e depois que vierem os resultados vou poder curtir.

Está otimista para a disputa olímpica em Tóquio? Já colocou uma meta?
Eu curto cada competição, pode ser de Street League, STU ou qualquer outra. Não posso pensar na Olimpíada antes dela. Meu foco é assim.

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