Esportes

Corintianos cobram investimento no time de vôlei, mas desconversam sobre futuro

Depois da vitória por 3 sets a 0 (25/19, 25/17 e 25/23) sobre o São Judas e a permanência na elite do vôlei brasileiro, o Corinthians-Guarulhos não sabe qual será a sua “cara” na próxima edição da Superliga Masculina. 
 
Alguns atletas, como o líbero Serginho, 43, um dos líderes do elenco e responsáveis pelo projeto, e o ponteiro Fábio, 23, desconversaram quando foram questionados se continuarão na equipe na temporada 2019/2020. No entanto, mesmo com esta indecisão, eles e o técnico Gersinho cobraram reforços para o time.
 
“Tem que ser realista. Não dá para jogar contra um Cruzeiro ou contra um Sesi. É muito complicado. Contra times fortes, tem que contratar e ter um orçamento maior. Mas é assim mesmo. O importante é que o projeto continua. O vôlei respira dentro do Corinthians. As pessoas gostam de vôlei”, disse Serginho após o jogo deste sábado à noite, 16/03, no Parque São Jorge. 
 
Apesar da cobrança, o líbero salientou que se importa mais com a função social do vôlei em Guarulhos do que com títulos. Inclusive, citou o massacre de Suzano, ocorrido na última quarta-feira, 13/03, para mostrar o quanto é importante que os jovens pratiquem esportes e estejam inseridos na sociedade de alguma forma. 
 
“Usamos o esporte como inclusão social. Lógico que quando se veste a camisa do Corinthians, o objetivo é vencer títulos, mas o importante agora, do jeito que o mundo está, é termos bons exemplos dentro de quadra para as crianças se espelharem. A gente tem aí o caso que aconteceu em Suzano, sabe? A gente precisa trazer estas crianças para o esporte. Título a gente ganha hoje, amanhã já esquece, entendeu? A gente tem que usar o vôlei como arma de inclusão social”, completou Serginho, que, ao ser questionado se continua no Corinthians-Guarulhos dentro ou fora das quadras, respondeu rapidamente: “Isso a gente vê depois”. 
 
O ponteiro Fábio também não quis cravar sua permanência na equipe. “Não sei. Boa pergunta. Vamos ver, vamos ver”, disse ao ser indagado sobre o seu futuro no time guarulhense. 
 
Remanescente da primeira temporada, quando o Corinthians-Guarulhos avançou aos playoffs e foi eliminado pela potência Sesi-SP, o jogador afirmou que não houve um encaixe tão bom na Superliga 2018/2019 e, por isso, o time sofreu até a última rodada para permanecer na elite. 
 
“Na temporada passada, tivemos uma sequência melhor de jogos. Não perdíamos tanto. Na atual edição da Superliga, perdemos cinco partidas seguidas. Ficamos lá embaixo e para sair de baixo e se classificar, fica um pouco mais difícil. Não tivemos força para avançar. Mas que bom que hoje [sábado], a gente conseguir ganhar e não tivemos esta preocupação de cair para a Liga B [Liga Ouro]”, avaliou Fábio. 
 
O ponteiro acredita que agora seja a hora de sentar e conversar com a diretoria para planejar a próxima temporada. “Ver quem vai ficar, quem vai sair…Isso é com os supervisores e diretores. Os atletas, quando voltarem, têm que dar o máximo e fazer melhor ano que vem. Ao invés de lutar para não cair, brigar para se classificar e ter um resultado satisfatório”, concluiu o jogador. 
 
Equipe teve muitas oscilações nesta temporada, analisa Gersinho
O técnico Gersinho disse que acompanhou de longe a boa campanha do Corinthians-Guarulhos na temporada passada. Na ocasião, o time era comandado por Alexandre Stanzioni. Para o atual treinador corintiano, a equipe sofreu com as oscilações em 2018/2019. 
 
“Na última Superliga, o Corinthians teve um grupo permanente, com poucas oscilações. Rivaldo [oposto] participou de todos os jogos. Sidão e Riad no meio de rede, Sérgio [como líbero], Rodrigo na mão, como levantador, o ponteiro Ceará entrava ali…Tinha o Alan…Este ano começamos com nosso principal jogador, o Rivaldo, com uma cirurgia. Não participou. Quem acompanha vôlei, sabe que um time sem o oposto é muito fragilizado, mais fácil ser marcado. Para fazer um comparativo com o futebol é como se fosse o centroavante, o cara que faz o gol. No futebol, você pode driblar todo mundo, deixar a bola na cara do gol, se ninguém empurrar para dentro, vai perder o jogo. O outro time vai matar. Sem oposto, o Corinthians foi assim”, analisou Gersinho. 
 
O treinador lembrou que tentou atuar com o jovem Gabriel, cria da base corintiana, mas, no final, teve que improvisar o experiente ponteiro Diogo na posição. “O Gabriel precisava de mais rodagem. A gente não teve este tempo. O Diogo foi improvisado na saída, foi muito bem por sinal, mas não é a função dele de ofício”, recordou. 
 
Para o técnico, se o Corinthians-Guarulhos tivesse feito o primeiro turno da Superliga completo, o resultado teria sido melhor. Porém Gersinho também alertou que para passar aos playoffs da próxima temporada, as contratações devem ser planejadas. 
 
“É preciso sentar. Ver qual é o orçamento que o time tem. O que dá para fazer e tentar montar o melhor time possível. Uma equipe mais equilibrada nas peças seria o ideal. Brigar nos playoffs não é muito simples porque há times com orçamentos muito altos. Nosso orçamento é compatível com as equipes que ficaram nos sétimo e oitavo lugares. As demais investem mais. O dobro, pelo menos. Ou, em alguns casos, três, quatro, cinco vezes mais”, pontuou. 
 
Além da contratação de um oposto, Gersinho afirmou que o Corinthians precisa de ponteiros e um levantador. “O Marcelinho [levantador] tem 43 anos. Não sabemos se vai continuar. Temos o Cristiano, que fez boas partidas contra equipes grandes, como o Cruzeiro e o Sesc-RJ, mas é fundamental que divida esta função com um atleta mais experiente, como fez com o Marcelo neste ano. Então necessitamos de mais um jogador para esta posição”, finalizou o treinador corintiano. 
 

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