O dólar volta a disparar nesta quinta-feira, atingindo R$ 5,7952 na máxima intraday, em meio à queda forte dos juros futuros com os ajustes pós-Copom. O Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu ontem com corte 75 pontos-base da Selic, para 3%, e não 50 p.b, como era esperado. Ao justificar a decisão, o BC afirmou que, considera um "último ajuste" para a próxima reunião, "não maior do que o atual", para fazer frente à pandemia do coronavírus, o que sinaliza que poderá haver um novo corte, de até 0,75%.
Essa perspectiva deve achatar o diferencial de juros interno e externo, afugentando e também afastando o investidor estrangeiro do Brasil.
No entanto, o dólar mais fraco ante outras moedas emergentes ajuda um pouco na desaceleração da alta frente o real. A valorização externa de outras divisas emergentes vem após um inesperado avanço das exportações da China. Internamente, a PEC do "Orçamento de Guerra" será promulgada às 15h, mas o projeto de auxílio a Estados e municípios durante a pandemia de covid-19 foi aprovado pelo Senado com a desidratação feita pela Câmara, o que preocupa do ponto de vista fiscal.
O trader Luis Felipe Laudísio dos Santos, da Renascença DTVM, diz que o tom mais suave ("dovish") do Copom deve levar o real a mais um dia de forte desvalorização. Para ele, a alta das moedas emergentes não deve conseguir suavizar o movimento ante o real e a próxima parada deve ser o nível psicológico dos R$ 6,00.
Às 9h20 desta quinta-feira, o dólar à vista subia 0,98%, a R$ 5,7587, depois de tocar em máxima a R$ 5,7952. O dólar para junho avançava a R$ 5,7665 (+0,65%), após máxima em R$ 5,8035.