O dólar recua ante o real na manhã desta quinta-feira, 6, e toda a curva de juros futuros ajusta-se em alta após o Copom indicar a interrupção no corte da Selic a partir de março. O aviso veio no comunicado após o fim do encontro, que reduziu a taxa básica em 0,25 ponto, para 4,25% ao ano, como era previsto pela maioria dos agentes financeiros.
"A queda da moeda americana ocorre em função da mensagem do Copom, de que os nossos juros podem ficar estáveis por um bom tempo", afirma Jefferson Rugik, diretor-superintendente da Correparti. "Aqueles agentes que apostavam em mais um corte do juro básico em março estão ajustando as suas posições em dólar, ou seja a queda de hoje reflete um ajuste técnico ao Copom", comenta.
Para Vanei Nagen, gerente de câmbio na Terra Investimentos, dólar recua corrigindo "exagero na alta recente". Para o especialista, o sinal de interrupção no corte de juro passa a visão de que o BC observa o mercado momento a momento. Agora, ele afirma que o radar está no mercado internacional.
Em segundo plano e não necessariamente agora, Nagem diz que pode ocorrer antecipação de vendas de moeda americana pela possibilidade de entrada de capitais no mercado relativa à operação bilionária de venda de R$ 22 bilhões em ações ON da Petrobras (com direto a voto) pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O mercado está atento às próximas ofertas que podem ser feitas pelo banco de fomento neste ano. O <b>Broadcast</b>, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, apurou que outras ofertas do banco estão a caminho, como a venda de participação no frigorífico JBS, e também em Copel e Tupy.
No exterior, o índice DXY, que mede a variação do dólar ante uma cesta de seis rivais fortes, opera perto da estabilidade enquanto o investidores aguardam novos drivers, conforme pontua o BBH, em nota. A fraqueza da libra esterlina frente à moeda americana ajuda no suporte ao DXY. Mas o dólar opera sem direção única em relação a divisas emergentes ligadas a commodities.
Às 9h40 desta quinta, o dólar à vista caía 0,39%, a R$ 4,2225. O dólar futuro para março recuava a R$ 4,2265 (-0,33%). Já a taxa do depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 subia a 4,345%, de 4,290% no ajuste de ontem. E o vencimento para janeiro de 2025 exibia 6,10%, de 6,05% no ajuste anterior.
Mais cedo, a corresponsável da área de Riscos Soberanos para as Américas da Fitch, Shelly Shetty, afirmou que o ano de 2019 foi muito difícil para a economia global. A boa notícia é que os emergentes vão se desenvolver, excetuando a China, afirmou em evento que a agência de classificação de risco realiza em São Paulo nesta quinta-feira.
"A China vai desacelerar, mas o Brasil vai crescer bastante", avalia. De acordo com Shelly, a Fitch está trabalhando com uma perspectiva de estabilização da economia global em 2020. Os riscos para este ano, de acordo com ela, são menor espaço para politicas fiscais, guerra comercial e riscos políticos.