O dólar arrefeceu a alta ante o real nesta tarde de quinta-feira, 6, seguindo a redução de ganhos da moeda ante divisas emergentes, após subir com a divulgação da ata do Banco Central Europeu (BCE). Ainda assim, a cautela política apoiou a valorização do dólar, refletindo atenção do mercado com desdobramentos da possível delação do deputado cassado Eduardo Cunha e a sobrevivência do presidente Michel Temer no governo.
“O dólar exacerbou a alta pela manhã com o mercado, principalmente o investidor estrangeiro, ainda digerindo o relatório da Fitch que apontou ontem que a agenda de reformas estruturais está parada e o ajuste fiscal comprometido”, disse o diretor da corretora Mirae, Pablo Spyer. Além disso, ele destacou ainda que “a potencial delação de Cunha com 100 anexos atingindo Temer em cheio” tem deixado o mercado cauteloso.
Segundo o diretor da corretora Correparti, Ricardo Gomes da Silva, por mais que já seja discutida a possibilidade de um governo presidido por Rodrigo Maia (DEM-RJ), uma mudança não seria tão fácil, uma vez que Temer está liderando emendas parlamentares e distribuindo cargos e subcargos. “O mercado não está considerando uma queda de Temer, mesmo porquê Maia é visto no mundo político como uma pessoa fraca, agindo como marionete. É difícil o mercado aceitar porque Meirelles dificilmente seguiria na equipe econômica com Maia, haveria muitos rompimentos”, disse o diretor da Correparti.
Spyer, da Mirae, também não vê com bons olhos essa transição. “O mercado não quer ver dois impeachments em um ano. Não escaparíamos de um rebaixamento.” Segundo um operador do mercado, Maia não teria força política e ainda que conseguisse levar adiante a agenda de reformas, algo que o mercado se agradaria, ainda assim ele não conseguiria aprovar a reforma da Previdência com os pontos necessários, “no máximo passaria apenas a mudança da idade mínima, o que não ajudaria na questão fiscal” disse o operador.
Pela manhã, o dólar estressou seguindo as demais moedas emergentes, que foram afetadas depois que o BCE apontou em sua ata que os dirigentes da instituição discutiram a possibilidade de se iniciar a retirada de seu programa de estímulos. À tarde, a moeda chegou a subir 0,50% na expectativa de que o presidente dos EUA, Donald Trump, pudesse subir o tom em relação aos lançamentos de mísseis da Coreia do Norte mas, de acordo com especialistas, como não houve nada nesta direção, o dólar passou a subir menos.
No mercado à vista, o dólar terminou em alta de 0,21%, aos R$ 3,2996. O giro financeiro registrado somou US$ 959 milhões. Na mínima, ficou em R$ 3,2968 (+0,12%) e, na máxima, aos R$ 3,3212 (+0,86%).
No mercado futuro, às 17h24, o dólar para agosto subia 0,29%, aos R$ 3,3165. O volume financeiro movimentado somou US$ 15,49 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,3140 (+0,21%) a R$ 3,3390 (+0,96%).