Os Estados Unidos, no primeiro avanço de peso sobre o acordo nuclear após a chegada de Joe Biden ao poder, participam a partir desta terça-feira, 6, das negociações em Viena para tentar salvar o acordo internacional sobre a produção nuclear iraniana. Mas os representantes americanos não estarão na mesma mesa que Teerã. Serão os europeus que atuarão como intermediários entre as duas partes, com a expectativa de alcançar resultados concretos após uma pausa de dois meses.
Washington enviou sinais positivos ao afirmar que "para o respeito (ao acordo de Viena) voltar, será preciso levantar essas sanções que estão em contradição com o acordo (…) sobre a energia nuclear" iraniana, segundo palavras do emissário americano Rob Malley ao canal PBS.
O Irã classificou nesta terça essas declarações como "promissoras". "Achamos esta posição realista e promissora. E pode ser o início da correção de um mau processo que paralisou a diplomacia. Nós celebramos essas declarações", disse o porta-voz do governo Ali Rabii em coletiva de imprensa em Teerã.
Quando essas medidas punitivas que sufocam a economia iraniana forem levantadas, a República Islâmica prometeu cumprir com suas obrigações nucleares, das quais se libertou progressivamente após a retirada dos Estados Unido do acordo.
O novo presidente americano afirmou que está disposto a voltar ao acordo assinado em 2015 em Viena, que tem a pretensão de que o Irã não produza armas atômicas. Seu antecessor Donald Trump denunciou o acordo unilateralmente em 2018 e restabeleceu as sanções contra Teerã, tornando-as inclusive mais rígidas.
Nesta terça-feira às 9h30 (horário de Brasília) teve início uma reunião da comissão mista na presença do conjunto dos signatários do Plano de Ação Integral Conjunto (JCPOA, sigla em inglês do acordo): Irã, Alemanha, França, Reino Unido, China e Rússia sob a mediação da União Europeia (UE), representada pelo secretário-geral adjunto do Serviço de Ação Externa, Enrique Mora.
Enquanto isso, "serão realizadas reuniões de especialistas durante 15 dias, um mês, não sabemos", informou um diplomata europeu da capital austríaca. Por outro lado, a delegação americana estará em outro lugar e sem nenhum contato com a República Islâmica, que descartou se reunir com os Estados Unidos.
Este formato "não facilita as coisas, mas no fundo não se trata (…) de inventar algo novo, mas de voltar ao que existia em 2015", declarou na segunda-feira o vice-ministro russo das Relações Exteriores Serguéi Riabkov às agências nacionais. Para os especialistas, não será uma tarefa fácil.
Teerã reiterou na segunda-feira: tudo depende da capacidade dos europeus e dos signatários do acordo "de lembrar os Estados Unidos de seus compromissos", insistiu o porta-voz da diplomacia iraniana, Said Khatibzadeh. (Com agência internacionais).