O faturamento das fábricas brasileiras voltou a crescer em agosto e superou inclusive o patamar de vendas do começo do ano, antes da chegada da pandemia de covid-19 ao País. De acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o faturamento industrial cresceu 2,3% em agosto ante julho, já considerados os efeitos sazonais. Após o fundo do poço de abril, o indicador acumula uma recuperação de 37,8% desde maio e já superou em 3,6% o desempenho de agosto de 2019.
Com o bom desempenho das vendas, as fábricas voltaram a contratar em agosto. O emprego industrial registrou a primeira alta mensal em 2020, com crescimento de 1,9% em relação a julho. Na comparação com agosto do ano passado, o indicador ainda apresentou recuo de 2,9%.
"Os números de agosto reforçam a percepção de recuperação em V da atividade industrial, recuperação que já vem de alguns meses. A importante novidade do mês é que essa alta da atividade veio acompanhada de crescimento do emprego, o que sugere maior confiança do empresário na sustentação dessa recuperação", afirmou, em nota, o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) na indústria cresceu 2,1 pontos porcentuais em agosto, chegando a 78,1%. Em julho, estava em 76% e, em agosto do ano passado, em 77,5%. Contudo, o indicador de agosto ainda ficou 0,8 p.p. abaixo do porcentual de fevereiro deste ano.
As horas trabalhadas nas fábricas também aumentaram 2,9% em relação a julho, mas continuaram 3,3% abaixo do nível do mesmo mês de 2019. As horas trabalhadas na indústria acumulam alta de 25,1% desde maio, mas também ainda não retornaram ao patamar pré-pandemia.
Apesar do crescimento de 4,5% em agosto ante julho, a massa salarial real na indústria ainda está 5% abaixo do nível de agosto de 2019. Da mesma forma, o rendimento médio do trabalhador do setor cresceu 2,8% na comparação mensal, mas ainda apresentou recuo de 2,2% na comparação anual.
Mesmo com o bom desempenho dos indicadores industriais em agosto, o resultado acumulado nos oito primeiros meses de 2020 mostra o tamanho da crise que a pandemia causou no setor. Na comparação com o mesmo período do ano passado, há quedas em faturamento (-3,9%), emprego (-2,7%), horas trabalhadas (-8,2%), massa salarial (-6,1%) e rendimento médio (-3,6%).