A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) veio a público nesta quinta-feira para rebater o comunicado emitido por sete equipes da Fórmula 1, na quarta. Em nota, a entidade defendeu o acordo secreto que fez com a Ferrari no ano passado e admitiu que não pode provar suposta irregularidade cometida pelo time italiano no campeonato de 2019.
"Este tipo de acordo é uma ferramenta legal reconhecida como componente essencial de qualquer sistema disciplinar e é usado por muitas autoridades públicas e outras federações esportivas na mediação de disputas", disse a FIA, que reforçou: "a confidencialidade dos termos do acordo é garantido pelo Artigo 4 do Regulamento Judicial e Disciplinar da FIA".
Na quarta, sete equipes da F-1 emitiram comunicado em conjunto para repudiar acordo que a FIA realizou com a Ferrari no ano passado em relação a suspeitas sobre o motor utilizado na segunda metade do campeonato. O time italiano passou a exibir melhor e surpreendente rendimento na parte final da temporada.
Mercedes, McLaren, Racing Point, Williams, Renault, Red Bull e AlphaTauri (novo nome da Toro Rosso) se disseram "chocadas" e "surpresas" com o acordo e cogitaram até acionar a Justiça para decidir sobre o caso. E isso porque a própria entidade revelara na sexta-feira passada que havia investigado a Ferrari, mas não apontara o resultado da sua apuração.
"Os detalhes deste acordo vão ficar entre as partes. A FIA e a equipe Ferrari concordaram em uma série de compromissos técnicos que vão melhorar o monitoramento de todos os motores da Fórmula 1 nos próximos campeonatos, assim como ajudar a FIA em outras tarefas regulatórias da F-1 e em suas pesquisas de emissão de carbono e combustíveis sustentáveis", dissera a entidade, na sexta passada.
Pressionada pelas equipes, a FIA decidiu revelar alguns detalhes da investigação nesta quinta. E afirmou que não descobriu elementos suficientes para impor qualquer punição ao time italiano.
"Uma extensa e completa investigação ao longo da temporada 2019 levantou a suspeita de que a unidade de potência da Ferrari estaria operando fora dos limites das regras da FIA em alguns momentos. A Ferrari firmemente negou qualquer suspeita e reiterou que a sua unidade de potência está em acordo com as regras. A FIA não ficou totalmente satisfeita com a resposta, mas decidiu que tomar outras ações não resultaria necessariamente numa conclusão do caso devido à complexidade do assunto e da impossibilidade material de obter evidência inequívoca da infração da regra", registrou a FIA, em comunicado.
Diante desta situação, a entidade decidiu optar por um acordo secreto com a Ferrari que, segundo a própria FIA, está dentro de suas regras. "Para evitar as consequências negativas de um longo conflito na Justiça, principalmente diante da incerteza quanto ao resultado deste litígio e em busca dos maiores interesses do campeonato e dos seus proprietários, a FIA, seguindo o Artigo 4 do seu Regulamento Judicial e Disciplinar, decidiu entrar com um efetivo e dissuasivo acordo com a Ferrari para encerrar os procedimentos."