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Lopetegui diz que demissão da seleção foi injusta e lamenta saída do Real Madrid

As demissões na seleção da Espanha, em junho do ano passado, e no Real Madrid, quatro meses depois, ainda causam tormento para o técnico Julen Lopetegui. Em uma de suas primeiras entrevistas desde a saída do clube espanhol, em outubro, o treinador espanhol contou à TV britânica BBC detalhes de sua curta passagem pelo Santiago Bernabéu e revelou os dias difíceis que se seguiram ao desligamento do comando do time nacional espanhol, a dois dias da estreia na Copa do Mundo da Rússia.

“Não foi nada fácil para mim. Trabalhamos duro durante dois anos e sentimos que estávamos preparados para fazer um Mundial fantástico”, relembrou Lopetegui, acrescentando que a saída da seleção foi, em parte, responsabilidade do presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF, na sigla em espanhol). “Quando renovei contrato com a Espanha, colocaram uma cláusula de rescisão. Foi ideia do (Luis) Rubiales, eu concordei com ele sem problema e depois (a proposta do Real Madrid) aconteceu”, disse.

Lopetegui aceitou a proposta e planejava disputar o Mundial para depois assumir o clube de Madri. Rubiales, porém, achou que o técnico não tinha condições para dirigir a seleção e Fernando Hierro, que era diretor de seleções, foi chamado para o cargo dois dias antes da partida contra Portugal, em Sochi. A surpresa foi grande, tanto que os jogadores sabiam da decisão e tinham aceitado com naturalidade a situação.

“Os jogadores foram fantásticos. Depois de lhes ter contado, tivemos a nossa melhor sessão de treino em três semanas de preparação, portanto estávamos muito felizes, mas, no final de contas, o presidente (Rubiales) tomou essa decisão. Foi um momento muito difícil e nunca o irei esquecer porque foi uma surpresa. Acho que foi muito injusto”, comentou.

A saída abrupta da seleção deixou marcas em Lopetegui. “Não dormia, não sabia onde estava. Num dia estava na Rússia para a Copa do Mundo, no outro estava no Santiago Bernabéu com uma nova equipe”, afirmou o treinador, que substituiu o francês Zinedine Zidane no Real Madrid.

O início do trabalho foi ruim com a derrota para o Atlético de Madrid na final da Supercopa da Espanha, mas a recuperação veio com quatro vitórias e um empate nas cinco primeiras rodadas do Campeonato Espanhol. O problema mesmo veio depois com cinco derrotas em sete jogos, culminando com a goleada sofrida por 5 a 1 para o Barcelona, no estádio Camp Nou, em Barcelona, no final de outubro. A demissão veio no dia seguinte.

“Tivemos um bom início, mas depois passamos por três semanas muito ruins”, explicou o técnico, afirmando que “não teve tempo” para desenvolver o trabalho. Mas fez questão de agradecer a oportunidade e desejou sorte ao argentino Santiago Solari, auxiliar do clube que o substituiu. “Tenho todo o respeito pelo novo treinador e pelo seu staff. Nunca diria uma palavra má sobre o Real Madrid. Treinar este clube é uma experiência fantástica para qualquer treinador. Gostaria de ter tido mais tempo, mas tenho de olhar para o futuro”, completou.

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