Oito dias após testar positivo para covid, Salles vai a eventos em Brasília

Oito dias depois de testar positivo para covid-19, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, deixou o isolamento social e participou de uma série de encontros presenciais nesta terça-feira, 23, em Brasília. Em um deles, estava sem máscara.

O período de oito dias de isolamento a partir da confirmação do vírus desrespeita o que está previsto em uma portaria conjunta publicada pelos ministérios da Saúde e da Economia, em junho do ano passado. A regra de isolamento define que as pessoas confirmadas com covid-19 "devem ser afastadas de suas atividades presenciais por quatorze dias, devendo ser apresentado documento comprobatório".

Salles testou positivo para o vírus em 16 de fevereiro e sentiu sintomas, com febre. O ministro ficou em isolamento em sua casa, conforme informou à reportagem, naquela data. Essas informações também foram repassadas pela assessoria de comunicação do ministério, na ocasião. "O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, testou positivo para a Covid-19 nesta terça-feira (16). Apresentou leve febre, mas passa bem. Manterá isolamento, conforme orientação médica", informou a assessoria do MMA.

Nesta terça, oito dias depois, Salles participou de um almoço com deputados da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), onde havia cerca de 60 pessoas. Sem máscara, fez discurso em uma mesa, rodeado por integrantes do grupo. Depois, seguiu para um evento com que reuniu dezenas de prefeitos no Palácio do Planalto. No local, chegou a cumprimentar o ministro da Economia, Paulo Guedes, que tem 71 anos e faz parte do grupo de risco da doença.

Questionado sobre o protocolo mínimo de isolamento, Salles disse que, na realidade, teria ficado dez dias sem sair de casa, dos quais em cinco não teria apresentado mais sintomas. "Fui liberado pela equipe médica", afirmou o ministro ao Estadão.

A reportagem questionou qual foi a equipe médica que o liberou, e por qual razão, mas não obteve informações a respeito. Sua assessoria de comunicação informou que não seria possível precisar o dia exato em que o ministro contraiu o vírus, e sim o dia de sua confirmação após fazer o exame.

Em março do ano passado, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), general Augusto Heleno, chegou a retornar ao trabalho e participar de uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro após uma única semana de afastamento. Após o ocorrido, Heleno pediu desculpas por ter se "enganado" com o protocolo médico que prevê 14 dias de isolamento.

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