A Polícia Federal desfechou ontem uma operação para quebrar um dos braços de lavagem de dinheiro usado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior organização criminosa do País. O grupo atingido pela Operação Narcobroker agiria em associação com a facção paulista para enviar drogas para a Europa. De acordo com a PF, a compra e venda de carros de luxo e imóveis, o comércio de bebidas e o investimento em postos de gasolina e até uma pousada foram detectados pelos agentes durante a investigação sobre a organização criminosa.
Na manhã de ontem, os agentes apreenderam ainda mais 320 quilos de cocaína que estavam em uma carga de madeira que seria exportada para a Espanha, onde a organização tinha um representante. Trata-se de um empresário catarinense. Além da droga, os agentes detectaram R$ 100 milhões em bens, como fazendas e imóveis, que serão alvo de sequestro judicial. "Há grandes fazendas compradas pela organização. A Justiça já nomeou administradores para uma pousada em Santa Catarina e dois postos de gasolina", diz Sérgio Stinglin, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF em Curitiba.
Deflagrada ontem, a Operação Narcobroker já havia bloqueado bens avaliados em R$ 40 milhões e detectado a movimentação financeira de R$ 1 bilhão em contas bancárias da organização criminosa entre 2018 e 2020. "Ao todo, acreditamos que os bens sequestrados devem passar de R$ 140 milhões. A maioria do dinheiro lavado pelo grupo tinha como crime antecedente o tráfico de drogas", afirmou o policial. Foram cumpridos 28 mandados de busca e apreensão no Paraná, em São Paulo e em Santa Catarina. Nove acusados tiveram decretada a prisão preventiva e dois a temporária.
De acordo com ele, as investigações da PF derivam de duas outras operações feitas pelo órgão: a The Wall e a Albavírus. O principal alvo era um empresário de Matinhos, no litoral do Paraná, perto de Paranaguá, por onde a droga era exportada. "Ele comprou por R$ 6 milhões uma casa em Santa Felicidade (bairro nobre de Curitiba)", contou o delegado. O imóvel foi um dos sequestrados ontem. Segundo Stinglin, a polícia detectou ações do empresário em que ele comprou dez carros de luxo de uma única operação. Em outra, ele "arrematou todo o estoque de cerveja de uma grande distribuidora para revender ao comércio como forma de lavar dinheiro", afirmou.
Durante as investigações, os agentes da PF e da Receita Federal já haviam apreendido 240 quilos de cocaína que seria enviada para a Espanha em um carregamento de papel. Os federais ainda apreenderam 13 toneladas de erva mate, com as quais – desconfiam os federais – os criminosos pretendiam enviar mais droga para a Europa.
Na Espanha, além do representante do empresário, a polícia sabe que o PCC mantém um representante responsável pela célula do grupo no País. Espanha, Itália e Holanda estariam entre os principais pontos de entrega da droga exportada pela facção criminosa nascida em São Paulo em parceria com criminosos de máfias europeias, como a italiana Ndragheta. "Nosso objetivo é desestruturar a organização, secá-la, deixá-la sem dinheiro", afirmou o delegado.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>