Prolongamento de políticas que piorem trajetória fiscal pode elevar risco, diz BC

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central repetiu nesta terça-feira, por meio da ata de seu último encontro, que seu cenário básico de inflação segue com fatores de risco em ambas as direções.

Por um lado, a ociosidade da economia – sobretudo no setor de serviços – pode levar a uma inflação abaixo do esperado. "Esse risco se intensifica caso uma reversão mais lenta dos efeitos da pandemia prolongue o ambiente de elevada incerteza e de aumento da poupança precaucional", reiterou o BC na ata.

Por outro lado, a extensão de políticas fiscais de combate à pandemia de covid-19 ou a frustração com a continuidade da agenda de reformas econômicas podem elevar os prêmios de risco.

"O risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária", repetiu o colegiado.

Na semana passada, o colegiado manteve, pela quarta reunião consecutiva, a Selic (a taxa básica de juros) em 2,00% ao ano. Este é o menor valor da série histórica.

<b>Juro estrutural</b>

O Banco Central reafirmou, por meio da ata, que perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia.

"O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia", registrou a ata.

Essas ideias já haviam sido expressas pelo BC no comunicado do último encontro do Copom, na semana passada.

<b>Projeções</b>

A ata do último encontro do Copom indicou que a projeção para o IPCA de 2021 no cenário básico está em 3,6%. Este cenário pressupõe a taxa de juros variando conforme a pesquisa Focus e o câmbio partindo de R$ 5,35 e evoluindo conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC). Já a projeção para 2022 está em 3,4%.

Essas estimativas já constaram no comunicado da semana passada. Foi a quarta vez, após nove reuniões consecutivas, em que o BC não alterou os juros.

Para o cálculo das projeções, o BC utilizou taxa de câmbio partindo de R$ 5,35, que é a média da taxa de câmbio observada nos cinco dias úteis encerrados no dia 15 de janeiro.

Em setembro do ano passado, durante a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o BC anunciou que pretendia dar preferência ao câmbio PPC em suas projeções, e não mais ao câmbio fixo ou baseado no Focus.

Assim como no comunicado da semana passada, o BC deixou de realizar projeções em um cenário que utilizava juro fixo e câmbio variando conforme a PPC.

<b>Ata anterior</b>

Na ata da reunião anterior, de 8 e 9 de dezembro, as projeções de inflação no cenário básico (juros Focus e câmbio PPC) eram de 3,00% para 2021 e 4,50% para 2022.

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