Em entrevista ao Estado, o superintendente da Santa Casa, José Carlos Villela, afirmou que os serviços foram fechados porque não estavam previstos em contrato com a Prefeitura e, portanto, não eram remunerados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A maioria, disse ele, tinha baixa demanda. “Não existe impacto substancial para a população. As demissões não fizeram o número de procedimentos cair nem a fila de pacientes aumentar”, afirmou.
De acordo com Villela, a Santa Casa oferecia no Hospital São Luiz Gonzaga mais especialidades do que as contratadas pela gestão municipal. Era o caso do pronto-socorro de ortopedia e dos ambulatórios de oftalmologia, reumatologia e de autismo infantil. “A gente não recebia nada por esses atendimentos. E se quisermos fazer tudo para todos, a Santa Casa não sobrevive.”
Segundo o superintendente, apenas 6% dos atendimentos do pronto-socorro eram na área de ortopedia. Ele disse ainda que a oftalmologia fez apenas uma cirurgia em todo o mês de setembro. “No caso da ortopedia, o atendimento ambulatorial continua. Se uma pessoa procura o pronto-socorro em busca de um ortopedista, ela tem de ser estabilizada pelo socorrista (clínico) e encaminhada para outra unidade se for emergência. Se não for, vai para atendimento ambulatorial”, disse Villela.
Sobre a UTI fechada, o superintendente afirmou que o serviço nunca existiu. “O que tínhamos era uma unidade semi-intensiva turbinada, pela qual também não recebíamos nada. Era um custo altíssimo, os equipamentos eram alugados. Não tinha como manter.” Villela confirmou a desativação de 35 dos 171 leitos do hospital, mas afirmou que a taxa de ocupação da unidade é de 80%.
Questionada sobre a situação do hospital, a Secretaria Municipal da Saúde informou que o contrato para administração do São Luiz Gonzaga, assinado na gestão Gilberto Kassab (PSD), estabelece metas de atendimento, sem detalhar quais especialidades devem ser oferecidas. A pasta informou que o convênio termina em 31 de dezembro e fará chamamento para novas organizações sociais de saúde (OSSs) interessadas em administrar cinco hospitais municipais da cidade, entre eles o São Luiz Gonzaga. Nesse novo contrato, a pasta definirá “regras e metas mais objetivas e ampliação dos serviços ofertados”.
Sobre o Hospital Central, o superintendente da Santa Casa afirmou que o setor de transplante de fígado não tinha demanda que justificasse uma equipe de oito médicos. “Em todo o ano de 2015, fizemos só dois transplantes. Mantivemos dois médicos na equipe para dar atendimento aos transplantados e fazer os transplantes que surgirem.”
Villela afirmou que houve apenas ajustes nos horários dos atendimentos do setor de nefrologia e hemodiálise, mas ressaltou que nenhum procedimento foi cancelado.
O executivo disse ainda que algumas cirurgias eletivas estão sendo adiadas, mas que a razão principal não é a demissão dos profissionais, mas a falta de insumos, como material e medicamentos. “Ainda temos dívidas altas com fornecedores.”
Sobre o CAISM da Vila Mariana, o superintendente disse que o número de leitos foi reduzido de 83 para 45 porque o modelo de atendimento está sendo reestruturado, com maior foco no atendimento ambulatorial e menor espaço para internações. “Na parte ambulatorial, nosso contrato com o governo do Estado é fazer 4 mil atendimentos por mês e estamos fazendo 9 mil. A ideia é até expandir a meta para 12 mil”, disse.
Villela não descartou a retomada de alguns serviços encerrados caso os contratos sejam readequados. “A meta não é reduzir atendimentos na Santa Casa, pelo contrário, queremos crescer. Mas esse crescimento tem de ser sustentável.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.