Taxas caem com otimismo sobre fluxo e inflação, além de alívio no risco fiscal

Os juros encerraram a semana mais curta em função do feriado de Natal em queda, principalmente na ponta longa, melhor termômetro para o risco fiscal e externo. A curva perdeu inclinação tanto em relação a ontem quanto a última sexta-feira. As taxas já caíam pela manhã e ampliaram o movimento à tarde, batendo mínimas, atribuídas a ajustes técnicos de fim de ano e à perspectiva de aumento de fluxo, dados o vencimento de NTN-F e pagamento de cupom de NTN-F no começo de janeiro, estimados em cerca de R$ 123 bilhões. O alívio com o fato de a Câmara ontem ter encerrado o ano sem votar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Municípios, considerada "pauta bomba", o bom humor nos mercados internacionais e as apostas em alívio inflacionário maior a partir do mês que vem formaram o pano de fundo a sustentar o viés vendedor, mesmo com o comportamento negativo do real.

Apesar do que foi chamado de "mini rali de Natal" no fim do dia, a liquidez em geral esteve abaixo da média diária dos últimos 30 dias. O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022, o mais líquido, movimentou cerca de 430 mil, ante média diária de 505 mil desde 22 de novembro, fechando a sessão regular e a estendida com taxas de 2,865% e 2,875%, de 2,904% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2023 fechou em 4,215% (regular) e 4,27% (estendida), de 4,305% ontem, e o DI para janeiro de 2027 passou de 6,653% para 6,55% (regular) e 6,61% (estendida). Nas medidas de inclinação, o spread entre os DIs janeiro de 2027 e janeiro de 2022 fechou em 369 pontos-base (regular), de 375 pontos ontem e 373 pontos na sexta-feira passada.

"É surpreendente o comportamento dos juros considerando o dia ruim para o real", destacou um gestor, reforçando na sequência que a moeda brasileira esteve na contramão do desempenho global fraco do dólar nesta quarta-feira. "O DI ontem (ponta longa) não andou por causa da expectativa com a PEC e a não votação ajuda a fechar hoje", acrescentou. A matéria previa aumento nos repasses da União ao Fundo de Participação dos Municípios, que poderia chegar a R$ 43 bilhões em 12 anos.

Em 4 de janeiro, serão pagos R$ 100 bilhões da NTN-F 1/1/2021 e R$ 22,9 bilhões em cupons de NTN-F. A Renascença destaca que no período haverá ainda rebalanceamento dos fundos IRF-M. "É um período de ajuste importante feito pela indústria de fundos prefixados que possuem como benchmark algum índice e podem reaplicar o financeiro recebido com o vencimento da NTN-F Jan21", afirma a instituição.

Nas mesas de renda fixa, operadores ressaltam também a expectativa de forte desaceleração da inflação em janeiro para explicar o impulso vendedor na curva. Em relatório ontem sobre o IPCA-15 de dezembro, o Itaú Unibanco sinalizou que o IPCA de dezembro deve sair de 1,21% para 0,03% no mês seguinte, alívio a ser patrocinado, em, boa medida, pela esperada mudança de vermelha para verde da bandeira tarifária de energia.

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