Taxas caem pela 3ª sessão seguida, com leilão do Tesouro em destaque

O feriado nos Estados Unidos nesta quinta-feira, 26, esvaziou os negócios no mercado de câmbio. Com volume de operações de menos da metade de um dia normal, o dólar chegou a ensaiar queda mais forte no começo da tarde, recuando abaixo de R$ 5,30 com entrada de fluxo, que já se aproxima de R$ 30 bilhões este mês somente na Bolsa, um recorde histórico. Com isso, o real operou descolado de moedas de parte das emergentes, em dia que a divisa dos Estados Unidos se fortaleceu no mercado internacional. Mas o movimento de queda aqui perdeu força perto do fechamento e a moeda americana passou a subir, com o real se realinhando a seus pares, em meio a realização de ganhos após as baixas recentes do dólar, que já superam 7% em novembro.

No encerramento dos negócios, o dólar à vista terminou com alta de 0,28%, cotado em R$ 5,3352. No mercado futuro, o dólar para dezembro fechou em alta de 0,23%, a R$ 5,3370.

O sócio e economista-chefe da JF Trust Gestão de Recursos, Eduardo Velho, destaca que o feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos prejudicou a liquidez no mercado internacional, reduzindo o próprio fluxo para o Brasil. Além de fechar o mercado hoje, amanhã Wall Street opera apenas meio período, com a maioria dos investidores fora das mesas. A "paralisia fiscal e ruídos na equipe econômica" tendem a deixar os investidores mais cautelosos, ressalta Velho. Ontem à noite, o ministro Paulo Guedes chegou a questionar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em público sobre se ele tinha um plano melhor para a economia e o fiscal. No final da tarde de hoje, o secretário do Tesouro, minimizou o assunto, ressaltando que "não há divergência" com o BC e "todo mundo faz parte do mesmo governo".

Por enquanto o economista da JF descarta a volta do dólar para patamares perto de R$ 6,00, por conta da munição do BC, mas isso pode ocorrer se o governo perder votações fiscais ou a agenda não andar. A semana chega ao fim, ressalta Velho, sem novidades em discussões de interesse do mercado, como a PEC Emergencial, o Orçamento de 2021 e o Pacto Federativo. Com o fim das eleições municipais no domingo, esses temas devem voltar a ganhar ainda mais foco nos mercados.

Por conta da deterioração fiscal, Luis Stuhlberger, sócio e gestor da Verde Asset Management, estima que o dólar está 20% acima do preço justo no Brasil. Mas ele observa que está difícil entender o mercado de câmbio brasileiro neste ano, por conta de fatores como a redução da proteção em excesso dos bancos no exterior (overhedge) e prefere ficar fora de apostas mais direcionadas, disse em evento virtual. Se o governo não cumprir o teto de gastos, a moeda americana pode subir mais "10% ou 15%", ressalta o gestor.

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