A semana do caos nos mercados financeiros terminou com a curva de juros mostrando leve inclinação em relação os ajustes de ontem, com as taxas curtas encerrando com viés de baixa e as longas, com viés de alta. Após uma manhã de avanço firme, à tarde houve algum alívio a partir da melhora do comportamento do câmbio, ajustes técnicos após algum "exagero" nos últimos dias e, ainda, notícias alentadoras sobre vacina e tratamento do coronavírus.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou a 3,840% (regular) e 3,890% (estendida), de 3,879% ontem no ajuste e a do DI para janeiro de 2022 encerrou em 4,40%
(regular) e 4,43% (estendida), de 4,411%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 6,57% (regular e estendida), ante 6,541% ontem no ajuste. A B3 alterou hoje, excepcionalmente, o horário de início da negociação estendida, que normalmente ocorre às 16h50, para as 17h15. Segundo a B3, a mudança deveu-se a erro operacional de uma instituição no call de fechamento.
Com o alívio da ponta curta, a curva terminou a semana precificando 28% de chance de corte da Selic em 0,5 ponto porcentual e 72% de probabilidade de queda de 0,25 ponto para o Copom de março, segundo a Quantitas Asset.
O recuo das taxas de curto e médio prazos foi discreto perto do que haviam subido ontem. Segundo um operador, é difícil ser diferente diante do cenário de alto risco para os mercados nos últimos dias que, no caso dos juros, dificulta a previsibilidade para as ações de política monetária. "O mercado segue bastante cético em qual intensidade, ou se, o Banco Central deverá cortar os juros na próxima reunião, dado o forte movimento gerado no câmbio após divulgação da nota na terça-feira", diz um profissional da área de renda fixa.
Após 12 sessões consecutivas renovando recordes, hoje o dólar fechou em queda e deu algum respiro para os juros. De todo modo, o movimento está longe de representar qualquer tendência, dado o tamanho das incertezas que resultam na falta de racionalidade que têm pautado as operações nos últimos dias. Na quarta-feira as taxas desabaram em reação a comunicado do Banco Central sobre o coronavírus, lido como dovish, mas que teve como efeito colateral a disparada do câmbio, que, ontem e hoje pela manhã, por sua vez, justificou um avanço muito forte das taxas.
No balanço da semana, a curva ganhou inclinação em relação aos ajustes da sexta-feira, com as taxas de curto e médio prazos tendo alívio maior do que as longas. O aumento das apostas na queda da Selic nos próximos meses e a aversão ao risco traduzida principalmente pela volatilidade da taxa de câmbio pesaram na curva de longo prazo. Além disso, a semana foi de forte questionamento sobre a comunicação do BC, trazendo riscos para sua credibilidade.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil já conta com 13 casos confirmados de coronavírus. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a cada dia "estamos mais perto de uma vacina e de tratamentos eficientes para conter o coronavírus".