Esportes

Tetra da MotoGP e com irmão campeão da Moto3, Márquez revoluciona e já vê legado

Na casa da família Márquez, quando todos estão juntos, o assunto não é motocicletas, curvas e velocidade. Pelo contrário. Os irmãos Marc, tetracampeão mundial de MotoGP, e Álex, campeão da Moto3, conversam sobre coisas do cotidiano. Os dois competem em categorias diferentes no Mundial de Motovelocidade e têm muita coisa em comum, principalmente o talento nas pistas.

Marc é o irmão mais famoso e o mais falador. Considerado um dos melhores pilotos de todos os tempos, ele mudou o jeito de pilotar uma moto. “Comecei a introduzir o cotovelo nas curvas. Pouco a pouco foram vendo que existe vantagem nisso, como ter quatro rodas de apoio, as duas da moto, o joelho e o cotovelo. Agora vejo as crianças pequenas que já vão com o cotovelo na pista também. Daqui a pouco é o ombro”, brinca o corredor, em entrevista ao Estado, durante sua passagem pelo Brasil.

A explicação é simples. Se antes os pilotos deitavam a moto nas curvas e quase raspavam o joelho no chão, agora o ponto mais próximo do solo é o cotovelo. A ousadia é premiada com mais velocidade, talvez a diferença entre chegar em primeiro e em qualquer outra posição. “Nossos pais eram fãs de motos e fomos criados nesse mundo. Compramos uma, gostamos e fomos curtindo essa adrenalina de pilotar, pois não é a mesma coisa que dirigir um carro. É um estilo de vida diferente”, defende Marc Márquez.

O passatempo não era barato, ainda mais para uma família sem luxos. Nas férias, muitas vezes os Márquez deixavam de viajar para investir no esporte. “Eu tive a sorte grande, senão não estaria aqui. Aos 9 anos de idade, uma equipe me contratou e isso tirou qualquer gasto da minha família com a modalidade. A partir dali tudo engrenou”, comentou Marc, que está com 25 anos.

Álex, que tem apenas 21 e disputa a competição de Moto2, de menor cilindrada, está traçando seu próprio caminho nas pistas. “Quero ter uma trajetória própria e é muito importante o apoio que tenho do meu irmão. Muita gente olha para essa situação com vantagens e desvantagens. Por um lado, existe a pressão por ser irmão do Marc. Por outro, ele me ajuda a pilotar, dá opinião. E tenho a sorte de poder treinar com ele, isso é o que mais conta para mim.”

A rotina de competições é grande, mas em Cervera, uma pequena cidade na Espanha com menos de 10 mil habitantes, eles encontram refúgio na casa dos pais – Marc diz, orgulhoso, que está construindo sua própria casa. Lá, eles têm as recordações de suas conquistas e da infância. “Nossos troféus estão expostos em um local bem bonito. Estão lá as quatro motos em que ganhei os campeonatos, a dele também, em duas salas diferentes da casa”, revela Marc.

Os dois irmãos têm personalidades parecidas, gostam das mesmas coisas, saem para esquiar quando podem e adoram futebol, seja jogando ou torcendo para o Barcelona. A expectativa é de que no futuro ambos estejam na mesma categoria, competindo entre si. O hobby da família Márquez também é trabalho. “É um sonho que virou realidade. O dinheiro não é o mais importante e sim a felicidade. Sempre que posso tento ajudar quem mais necessita e sigo vivendo no mesmo local, próximo da família e dos amigos. A vida mudou, mas ainda mantenho minhas raízes”, comentou Marc.

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