Vice-PGR abre seleção para procuradores que querem atuar na Greenfield

O vice-procurador-geral Humberto Jacques de Medeiros abriu edital nesta sexta, 6, para consultar membros do Ministério Público Federal que tem interesse em atuar na Operação Greenfield, que mira desvios e gestão fraudulenta em fundos de pensão. Segundo Medeiros, a seleção visa equacionar o acervo do 12º Ofício, responsável pelas investigações.

A abertura de edital ocorre uma semana depois de procuradores que atuam na Greenfield enviarem ofício à PGR solicitando a prorrogação dos trabalhos, previstos para serem encerrados em dezembro deste ano. A força-tarefa que já contou com cinco procuradores com dedicação exclusiva hoje tem uma equipe composta por colaboradores eventuais que acumulam os trabalhos em seus ofícios com os processos da operação.

Em julho, a PGR cortou a dedicação exclusiva de dois membros, garantindo a prerrogativa somente ao coordenador do grupo, Anselmo Henrique Cordeiro Lopes, que deixou a força-tarefa no início de setembro alegando justamente dificuldades em conduzir os trabalhos com os entraves impostos pela PGR. Por conta da falta de equipe, a Greenfield alegou à cúpula da Procuradoria que metas previstas para serem cumpridas até 2022 podem ficar só para 2042.

No edital aberto aos membros do Ministério Público Federal é previsto que a designação para atuar na Greenfield poderá ser feita com a suspensão de outras atribuições do procurador selecionado. Ou seja, quem for escolhido poderá atuar com exclusividade nos casos relacionados aos fundos de pensão, tornando-se o procurador natural.

Humberto Jacques de Medeiros também aponta que uma consulta interna chegou a ser feita entre procuradores lotados no Distrito Federal e que ninguém manifestou interesse em assumir permanentemente a titularidade da operação.

Atualmente a Greenfield cuida de 49 ações penais e 32 ações de improbidade contra 171 pessoas e 29 empresas envolvendo desvios e gestão fraudulenta de fundos de pensão, como o Petros e o Funcef. As investigações atingiram políticos como o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, o ex-ministro Geddel Vieira Lima e até chegou a mirar o atual ministro da Economia, Paulo Guedes. A força-tarefa também é responsável por acordos de leniência e processos de reparação de danos.

O prazo para continuidade dos trabalhos é 31 de dezembro deste ano. A força-tarefa já solicitou a prorrogação até o fim de 2021 ou até a formação de um novo modelo de investigação, que está sob estudo dentro da PGR. Entre as propostas em discussão está a criação de uma Unidade Nacional Anticorrupção (Unac), que centralizaria os trabalhos das atuais força-tarefa em Brasília, concentrando poderes na PGR, e a implantação do modelo de Grupos de Atuação Especial (Gaecos) em outros Estados.

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