O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) defendeu nesta sexta-feira, 10, o discurso que fez contra o feminismo e mulheres trans na tribuna da Câmara. No Dia Internacional da Mulher, o parlamentar vestiu uma peruca loira para ironizar "homens que se sentem mulheres", o que motivou um abaixo-assinado pedindo sua cassação. O parlamentar disse que, se perder o mandato, "eu levanto 10 mil Nikolas no Brasil inteiro". "A minha vida não acaba com a cassação", afirmou ele.
O deputado disse ainda que não se importa em ser preso ou até em perder a vida. Em outra postagem, ele voltou a atacar mulheres trans. "O que eu acho estranho é que qualquer um pode se sentir mulher, menos eu", escreveu no Twitter.
Nikolas se tornou alvo de três notícias-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) por transfobia. Especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam que o deputado infringiu a Lei 7.716/1989, que dispõe sobre crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. Há dois anos, a mesma legislação vale para casos de homofobia e transfobia. Caso seja condenado, ele pode perder o mandato. Um abaixo-assinado com mais de 270 mil adesões pede a cassação do deputado.
Além da Lei 7.716/1989, Nikolas também pode ter infringido o Código de Ética da Câmara dos Deputados, no que diz respeito a respeitar a Constituição, as leis e as normas internas da Casa e do Congresso Nacional, e sobre exercer o mandato com dignidade e respeito à coisa pública e à vontade popular.
Natural de Minas Gerais, Nikolas Ferreira se tornou o deputado federal mais votado do País nas últimas eleições. Filiado ao PL, o jovem que recebeu quase 1,5 milhão de votos é apoiador de Bolsonaro e próximo dos filhos do ex-presidente.