A Seleção Brasileira pode ou não vencer a Copa de futebol da FIFA, mas o Brasil está à frente da competição mundial de mortes associadas às doenças cardiovasculares e da falta de cuidados básicos preventivos. No País, ocorrem mais de 344 mil óbitos anuais por doenças do coração e da circulação, o dobro das mortes causadas pelo conjunto de todos os tipos de câncer, o triplo daquelas devidas a acidentes e violência e 6 vezes mais que infecções, incluindo a AIDS.
Por traz dessas mortes, metade delas antes dos 60 anos de idade, está a falta de cuidados preventivos, como o controle da hipertensão arterial, do colesterol elevado, do diabetes, do tabagismo, do sedentarismo e do sobrepeso. A hipertensão é a causa de 50% dos casos de infarto, a primeira causa de óbitos no Brasil, que mata 100 mil brasileiros ao ano; de 60% dos acidentes vasculares cerebrais (AVC) fatais, que vitimam 99 mil, além de ser a principal causa de insuficiência dos rins e da circulação das pernas, responsáveis pela necessidade de diálise ou transplante e amputações, respectivamente.
“Eu sou 12 por 8” é uma campanha de alerta para o diagnóstico e controle da hipertensão do Departamento de Hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia. No País, apenas 20% dos 40 milhões de hipertensos, que representam 40% da população adulta, fazem tratamento regular e estão sob controle. Cifras bem distantes dos quase 70% de controle no Canadá e 57% nos EUA.
Por tudo isso, no ano da Copa, buscamos o placar 12 x 8, os níveis normais de pressão arterial, capazes de salvar vidas. O jogador Ronadinho Gaúcho não foi escalado para a seleção de Scolari, mas foi convocado para a Seleção 12 por 8. É o atacante da campanha de alerta para os cuidados com a doença que mais mata no Brasil, a ser lançada nesse 26 de abril, Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão. Um time de outros craques embaixadores também se sensibilizaram com a causa e também estão na campanha: Ronaldo “Fenômeno”, Carolina Ferraz, Lázaro Ramos, Ney Matogrosso, Samuel Rosa, Vitor Belfort, Guilhermina Guinle, Mauricio de Sousa, Caio Castro, Natália do Vale, Paloma Bernardi, Bell Marques, Letícia Sabatella, Natália Guimarães, Sarah Oliveira, MV Bill, Diogo Portugal, Ricardo Amorin, Lucas Mendes, Humberto Gessinger.
Embora seja uma doença na maioria das vezes assintomática, para o diagnóstico da hipertensão basta a medida da pressão arterial com a técnica adequada. O tratamento, que deve ser feito sob orientação médica, é um dos mais simples e menos onerosos da cardiologia. O descontrole da hipertensão, segundo dados da Organização Mundial de Saúde, reduz em média 16,5 anos na expectativa de vida do hipertenso.
Marcus Bolívar Malachias é cardiologista, professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais e coordenador da campanha “Eu sou 12 por 8” da Sociedade Brasileira de Cardiologia. www.eusou12por8.com.br