2º turno em Campinas é marcado por ofensas

A campanha no segundo turno em Campinas ganhou contornos de guerra declarada entre os candidatos Dário Saadi (Republicanos) e Rafa Zimbaldi (PL). O clima agressivo da disputa ficou evidente em peças publicitárias e nos dois debates mais recentes, quando os candidatos trocaram pesadas acusações – eles dizem que só reagiram aos ataques. Saadi e Zimbaldi foram alvo de impugnação pelo Ministério Público, a partir de denúncias de pessoas ligadas às campanhas.

Ex-secretário de Esportes, Saadi é apoiado pelo prefeito Jonas Donizette (PSB), em fim de segundo mandato. Zimbaldi, que é deputado estadual, foi da base do prefeito até o início do ano, quando romperam. No primeiro turno, Saadi obteve 25,78% dos votos válidos ante 21,86% do adversário.

"São candidaturas de grupos próximos, que não se acertaram para disputar de forma unificada e sem fortes conflitos programáticos. Sem diferença de propostas, (a campanha) acaba em ataque", disse Otávio Catelano, pesquisador do Centro de Estudos de Opinião Pública (Cesop) da Unicamp, especializado em eleições.

O tom agressivo foi apresentado logo no primeiro debate do segundo turno, na Band, dia 19. Na ocasião, os dois, que já foram vereadores, se acusaram de irregularidades nas contas ao dirigirem a Câmara Municipal. Saadi mencionou condenação de Zimbaldi pelo Tribunal de Contas por excesso de cargos comissionados em 2016. "Reduzimos mais de 1.100 cargos, o que o senhor não foi capaz de fazer", rebateu Zimbaldi. Do lado contrário, a acusação foi que Saadi teve contas rejeitadas na Câmara por ter concedido reajuste acima do limite, em 2006. "Esse caso já foi revertido na Justiça, fui inocentado", respondeu.

Saadi ainda mencionou suspeitas contra o pai do adversário, o ex-deputado federal Salvador Zimbaldi, de recebimento de doação ilegal de campanha, em 2014, e disse que o adversário é o quarto deputado "mais gastão" da Assembleia Legislativa. "Meu pai nunca foi condenado", afirmou Zimbaldi. O deputado relacionou o adversário à ação de um ex-assessor da Secretaria de Esportes detido em abril sob suspeita de negociar compra de testes de covid-19, supostamente furtados e que seriam depois oferecidas à prefeitura. "O funcionário foi levado para esclarecimento, e demitido, não participei de nada", disse o ex-secretário.

Após as acusações, o MP pediu à Justiça Eleitoral autorização para apreender o celular de Saadi. Mas, ontem, o pedido foi negado e extinto o andamento do caso, sob a alegação que não é da competência da Justiça Eleitoral. O candidato não consta como investigado em inquérito policial. Seu nome é citado em troca de mensagens com o assessor. No debate da Record, dia 21, Zimbaldi voltou a citar os testes de covid.

O deputado também disse que seu adversário era "machista", por classificar sua vice, Anna Beatriz (PSDB), apenas como mulher do deputado federal Carlos Sampaio. "Estou tentando entender, talvez eu tenha mencionado que ela é esposa do deputado." Saadi negou irregularidade em campanha, alegou que não é investigado no caso dos testes e afirmou que o concorrente é que teve relação próxima ao assessor investigado. "Conheci, mas o assessor era seu."

<b>Impugnação</b>

O MP impugnou a candidatura de Saadi duas vezes, por suposta compra de votos e uso da máquina pública. Zimbaldi foi impugnado por suposta compra de votos.

Os casos do candidato do Republicanos são relacionados a um mutirão de consulta gratuita antes da eleição, que ele alega fazer há anos como médico, e de um e-mail de gestor da Cohab a funcionários, os indicando para uma conversa com o candidato. Ele diz que não houve esse evento e que não tem relação com a Cohab.

O MP questiona a participação de Zimbaldi em um evento, que seria eleitoral, com pizza e cerveja gratuitas distribuídas aos participantes. O candidato diz que a reunião não foi eleitoral e ocorreu a convite de amigos. A Justiça ainda não se posicionou sobre os pedidos do MP.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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