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30 dias para ver Jared Leto

Talvez restem poucas alternativas para Jared Leto surpreender na chegada ao Palco Mundo, como é denominado o principal espaço para os shows na Cidade do Rock, nesta edição do Rock in Rio. Vir em um helicóptero, talvez, pousando sobre a multidão? Ou, mesmo, aterrissar de paraquedas no palco, vindo dos céus. Ele parece ter gostado da segunda opção e a cogita, em silêncio. “É, seria bem interessante mesmo”, admite, por fim. E ri.

De bom humor e bastante interessado em falar, novamente, sobre a banda formada ao lado do irmão baterista Shannon Leto e do baixista Tomo Milicevic, o Thirty Seconds to Mars, Leto se deixa levar pelas lembranças da última passagem pelo festival carioca, em 2013. Com os cabelos longos e barba por fazer, ele dominou o palco com canções ótimas para embalar multidões, com refrões sofridos e sílabas alongadas. Naquela noite de 14 de setembro de 2013, ele deixou o palco, subiu a torre posicionada no meio da multidão e deslizou pela tirolesa com a bandeira do Brasil nas mãos.

Por isso, é ate difícil imaginar o que Leto pode fazer agora. Com o Thirty Seconds to Mars, ele tem uma nova oportunidade em se apresentar no festival, na noite capitaneada pelo Red Hot Chili Peppers. A tirolesa já não vai ser uma novidade. “É muito bom para nós voltarmos ao Brasil e para o Rock in Rio. Aquele show em 2013 foi um dos melhores que tivemos na nossa carreira”, garante ele.

E lá se vão 19 anos desde que o Thirty Seconds to Mars iniciou suas atividades, quatro depois de Leto surgir como o galã e badboy Jordan Catalano na série My So-Called Life. Na carreira diante das câmeras, Leto surgiu como um interessante rosto do cinema alternativo. Figurou em filmes como Réquiem para Um Sonho e Clube da Luta, sempre em papéis duros e personagens à margem. A estranheza lhe é familiar nas telas, a ponto de atualmente ele ser o Coringa, o arquirrival do Batman, nos filmes que adaptam os quadrinhos da DC Comics. A carreira como músico caminhou também se equilibrando nessa linha que divide a normalidade estabelecida e o incomum.

Como se a própria personalidade artística fosse um yin-yang, Leto se alterna entre a vida de músico e ator. Quando engata uma série de produções cinematográficas, deixa sua banda em modo de espera. Ao receber o Oscar de melhor ator coadjuvante pelo papel no filme Clube de Compras Dallas, na cerimônia realizada em 2014, enalteceu o irmão Shannon, sempre ao seu lado. Noutras vezes, a banda é sua principal atividade – em 2011, o Thirty Seconds to Mars chegou a entrar no Guinness World Records por ser o grupo com mais shows realizados em um ciclo de lançamento de disco, com 300 apresentações feitas.

E é no compasso da banda que Leto caminha agora. Ao falar com a reportagem, ele narra seu cotidiano nas última semana. “Faço entrevistas durante o dia, até as 18 horas. Depois, ensaiamos. Hoje, vamos gravar um novo clipe”, ele conta. A primeira música do álbum inédito (ainda sem nome ou data de lançamento), chegou na semana passada. Walk on Water, uma canção bastante percussiva com versos sobre os tempos conturbados, contudo, não é indicadora da sonoridade adotada pela banda neste quinto trabalho. “Estamos produzindo um álbum moderno”, ele garante. “Criei 115 canções. Chegamos a essas 11. Espero que os nossos fãs gostem.”

Misterioso, ele não fala de forma direta sobre o disco. Seus vizinhos, no bairro de Hollywood Hills, em Los Angeles, já estão acostumados com o barulho alto de guitarras que ultrapassa as paredes da casa de Leto. Eles, e os policiais que vez ou outra são chamados para pedir para que a banda diminua o volume dos amplificadores, são os únicos com uma ideia melhor do que está por vir na nova empreitada musical de Leto. “No palco ou fazendo música, eu sou capaz de me encontrar verdadeiramente”, ele revela para tentar explicar o motivo de manter as duas carreiras paralelas. “Não existe personagem. Sou apenas eu ali.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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