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90 anos de Oscar

Um dilema vivem os organizadores do Oscar, cuja 90ª cerimônia ocorre na noite deste domingo, 4, a partir das 22h, com transmissão pela Globo e pelo canal TNT: em meio a discussões acaloradas sobre má conduta sexual e abuso de poder, os organizadores da festa querem privilegiar o cinema como arte. “Queremos torná-la a mais divertida possível – reverente e respeitosa, mas também emocionante”, disse Jennifer Todd, uma das produtoras responsáveis pela cerimônia. “O Oscar deve ser um espetáculo, com performances divertidas.”

A declaração soa estranha, anacrônica até, pois, desde que explodiu a primeira acusação contra o produtor Harvey Weinstein, em outubro, a comunidade cinematográfica (especialmente a americana) colocou em pauta sua indignação – a entrega do Globo de Ouro, no início de janeiro, tornou-se uma manifestação favorável ao movimento Times Up, com atrizes vestindo preto para protestar contra o assédio sexual e Oprah Winfrey proferindo um discurso abrasador. Já a premiação dos atores, o Screen Actors Guild, trouxe apenas apresentadoras e foi focada na desigualdade de gênero e outros problemas sociais. E, durante o Bafta, o Oscar britânico, ativistas da violência doméstica, inspirados na campanha Times Up, ocuparam o tapete vermelho.

A era #MeToo, porém, não parece sensibilizar os responsáveis pela transmissão de Oscar, cientes da importância e da visibilidade da festa. O recado é: nosso show será focado em filmes, não no momento cultural em torno deles. “Lembrem-se também que o Oscar representa uma grande janela comercial para a indústria do cinema e temos de aproveitar essa 90ª cerimônia”, enfatiza Jennifer Todd.

Um dos motivos para minimizar o aspecto ativista da festa seria o alegado desinteresse do telespectador: segundo pesquisa da empresa Nielsen, que há anos analisa minuto a minuto a transmissão do evento, há uma fuga de audiência cada vez que algum artista defende uma causa social ou critica algum político. No ano passado, quando questão de raça era urgente, a cerimônia foi acompanhada na TV por 32,9 milhões de pessoas nos Estados Unidos, a segunda pior audiência desde 1974. A recente transmissão do Globo de Ouro teve uma queda de 5% em relação ao ano passado, enquanto a festa do Screen Actors despencou 30%.

Mesmo assim, são esperados discursos politizados, tanto no tapete vermelho, quando as estrelas deverão exibir pins de apoio ao Times Up, como no palco, agradecendo o prêmio. E representantes do Times Up anunciam que o movimento terá um espaço durante a cerimônia, informação ainda não confirmada pelos organizadores. Quem terá a mais difícil tarefa, no entanto, será o comediante Jimmy Kimmel, que volta a apresentar a cerimônia.

Responsável pelo número de abertura da cerimônia, momento ideal para comentários irônicos, Kimmel confirmou, em diversas entrevistas, que falará sobre assédio sexual. “É complicado, pois a festa tem que começar com cenas divertidas e, quando você trata de determinados assuntos, fica evidente um certo desconforto”, disse ele, que também deverá ironizar Trump.

Mas a cena mais esperada será a volta do casal Faye Dunaway e Warren Beatty. Depois da confusão da troca de envelopes do ano passado, eles deverão, segundo o canal TMZ, revelar novamente o melhor filme. Agora, com mais brincadeiras.

PRINCIPAIS INDICADOS

l Melhor Filme
Dunkirk
Me Chame pelo Seu Nome
O Destino de Uma Nação
Corra!
Lady Bird – É Hora de Voar
Trama Fantasma
The Post – A Guerra Secreta
A Forma da Água
Três Anúncios para Um Crime
l Melhor Diretor
Christopher Nolan (Dunkirk)
Jordan Peele (Corra!)
Greta Gerwig
(Lady Bird – É Hora de Voar)
Paul Thomas Anderson
(Trama Fantasma)
Guillermo del Toro
(A Forma da Água)
Melhor Ator
Timothée Chalamet
(Me Chame pelo Seu Nome)
Daniel Day-Lewis
(Trama Fantasma)
Daniel Kaluuya (Corra!)
Gary Oldman
(O Destino de Uma Nação)
Denzel Washington
(Roman J. Israel, Esq.)
Melhor Atriz
Sally Hawkins
(A Forma da Água)
Frances McDormand
(Três Anúncios para Um
Crime)
Margot Robbie (Eu, Tonya)
Saoirse Ronan
(Lady Bird – É Hora de Voar)
Meryl Streep (The Post –
A Guerra Secreta)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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