Cidades

Movimentos sociais mantidos pela CDHU temem possível extinção da companhia

Proposta de extinção foi encaminhada para Assembleia Legislativa

Após o pedido do governador João Doria pela a extinção da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), em projeto de lei enviado à Assembleia Legislativa, movimentos sociais mantidos pela empresa temem o impacto que pode prejudicar o andamentos das ações.

O Com Com Pimentas, projeto de comunicação comunitária, é um dos projetos sociais mantidos pela CDHU em Guarulhos. Para o coordenador André Castro, a extinção da empresa pode prejudicar as ações já consolidadas.

“Estamos cientes da proposta e isso, com certeza, impacta não só o Com Com Pimentas, mas os outros projetos que fazem parte das ações sociais na região, e projetos de outras áreas, como urbanização e pós-urbanização. Seria um efeito dominó”, explicou.

A CDHU afirmou que a possível extinção “não trará prejuízos à política habitacional do Estado, inclusive para o município de Guarulhos”.

Ainda segundo a empresa, os projetos devem ser absorvidos e mantidos pela Secretaria da Habitação. A mudança será possível com a ampliação do sistema de subsídios e incrementará o Programa Nossa Casa com a participação da iniciativa privada para atender os segmentos mais carentes de moradia.

Não é o que apurou o GuarulhosWeb com funcionários da companhia, que se sentem temerosos, mas pedem para não serem identificamos. “Temos medo de represálias. Mas o clima é péssimo”, afirma um deles.

O “dossiê” do governador contém 69 páginas e, em apenas três parágrafos, ele explica o motivo de pedir o encerramento da companhia. O documento diz que a CDHU “perdeu espaço na operação direta de construção e financiamento habitacional” por causa de programas federais, estaduais e PPPs.

Fundada em 1949, a CDHU é o maior agente promotor de moradia popular no Brasil. Desde então, ela já proporcionou um lar a mais de 500 mil famílias em São Paulo e atualmente movimenta cerca de R$ 1,5 bilhão por ano. A empresa já teve o nome de Cecap (Caixa Estadual de Casas para o Povo) e foi responsável pelo maior projeto habitacional de Guarulhos entre o fim dos anos 60 e início da década de 70, o conjunto que deu origem ao nome do bairro. 

Nossa equipe ouviu alguns funcionários da empresa que preferem não se manifestar por medo de represálias. O clima seria de tensão, uma vez que não há garantias de permanência nos cargos. 

Hoje, moram mais 2,2 milhões de pessoas em apartamentos construídos pela CDHU, cerca de 800 mil habitantes a mais do que a cidade de Guarulhos e número parecido com as populações de Acre, Amapá e Roraima que, somadas, atingem pouco mais de 2,3 milhões.

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