O secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, reforçou nesta quarta-feira, 3, que o Brasil precisa voltar a ter uma trajetória fiscal sustentável por causa do patamar atual da dívida pública. Ele lembrou que o endividamento brasileiro chegou a quase 90% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020.
"A dívida do Brasil está muito acima dos nossos pares, como Chile, Colômbia e México, cuja dívida está em torno de 40% do PIB. Já vínhamos com uma dívida alta, e todo o déficit de 2020 foi financiado por dívida. Por isso precisamos de elementos para que trajetória de dívida seja crível e sustentável", afirmou, em evento virtual promovido pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon).
Com o crescimento do déficit, lembrou ele, o volume de emissões mensais de títulos pelo Tesouro passou de uma média de R$ 55 bilhões a R$ 60 bilhões para uma média de R$ 130 bilhões a R$ 140 bilhões, chegando a ser R$ 180 bilhões em um mês. "Precisamos reverter esse alto volume de financiamento, que não é sustentável no médio e longo prazo. Para isso, precisamos de reformas que travem crescimento de despesas e recuperem receitas", completou.
Funchal destacou que o alto nível de endividamento tem impacto direto na taxa de juros de longo prazo, que precifica os investimentos produtivos da empresas.
Segundo ele, apesar da Selic estar em 2,00% ao ano, a curva de juros brasileira é uma das mais inclinadas do mundo, devido às incertezas fiscais. "Dado esse diagnóstico, precisamos de soluções que estabilizem a nossa dívida, para que nossa curva se aproxime, por exemplo, da curva de juros do Chile. Isso irá gerar mais negócios e empregos para a sociedade."
Funchal avaliou ainda que a convergência das normas contábeis aplicadas ao setor público é um processo longo, mas com um resultado bastante significativo, especialmente diante dos problemas fiscais dos governos regionais e da União.
"A relevância é enorme, porque você traz luz para informações extremamente relevantes para montar diagnósticos que são cada vez mais importantes em situações como a que vivemos hoje", afirmou. "Com diagnósticos mais precisos, conseguimos tomar as soluções mais adequadas, gerando melhores estatísticas fiscais, melhorando o planejamento e facilitando o entendimento dos investidores internacionais", concluiu.