Opinião

Implantação de novo sistema peca por falta de planejamento

Desde sábado, Guarulhos conta com o tão esperado e necessário novo sistema de transportes. Obviamente, como toda mudança estrutural feita de uma hora para outra, o ônus para a população é muito grande. Apesar de levar dois anos para implantar o Bilhete Único, a Prefeitura não teve a competência de bem informar os passageiros, que se viram perdidos a partir do início da operação das novas linhas. Nesta segunda-feira, primeiro dia útil, quem precisou se deslocar por meio de qualquer tipo de transporte coletivo na cidade enxergou o caos. 


 


O GuarulhosWeb está recebendoum  número bastante grande de reclamações de leitores por meio de e-mails e também de comentários nas notícias postadas sobre o novo sistema. Salve algumas poucas exceções, a imensa maioria aponta pela reprovação das mudanças realizadas. Até o benefício do Bilhete Único, que prevê a possibilidade de pagamento de uma só passagem pelo período de duas horas, maior trunfo da administração municipal, ficou em segundo plano neste momento. As pessoas sentiram muito mais o reajuste das tarifas na semana passada e os problemas decorrentes das mudanças de linhas do que os benefícios propriamente ditos.


 


Na verdade, a mudança era importante e deveria ocorrer. Porém, os problemas – que, para muitos, podem até ser naturais – poderiam ser minimizados. O problema é que a Prefeitura promoveu a implantação de um sistema bastante complexo sem pensar no todo. Várias etapas que precisavam ser cumpridas antes das modificações foram puladas ou mesmo ignoradas. A grosso modo, dá para dizer que mudaram as cores dos ônibus, trouxeram algumas dezenas de coletivos novos, alteraram as linhas e consequentemente seus percursos, sem mexer nas estruturas do transporte.


 


Sim, um novo sistema precisava compreender a construção de terminais urbanos de verdade e não estações de transferências que não passam de grandes pontões nos bairros. Seria necessária a criação de corredores exclusivos para dar maior fluidez aos coletivos, a fim de priorizar o transporte de massa em detrimento do individual, entre outras modificações que poderiam levar mais tempo e até inviabilizar qualquer inovação. Nessas horas, costuma-se falar que não foi feito o ideal mas o possível.


 


Só que se esquecem de dizer que a administração pública carece de maior planejamento em médio e longo prazos. Se o novo sistema fosse pensado nas duas gestões anteriores a Sebastião Almeida, do mesmo PT, Guarulhos poderia estar um passo à frente. Como o prefeito anterior, Elói Pietá, foi uma negação em transporte público, tudo começa do zero. E hoje a população paga caro por essa omissão.


 


Diante dos problemas, caberia então uma ampla campanha para informar a população, com a divulgação prévia dos novos trajetos, demonstrando exatamente o que iria mudar na vida das pessoas. Mas, infelizmente, como é praxe, a Prefeitura preferiu os confetes e aparecer com caras peças publicitárias em horário nobre da Globo, numa demonstração de que o mais importante não são os passageiros mas os políticos.

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