Opinião

Ano novo, tempo de reedição de promessas não cumpridas


O “ano novo” tem só 15 dias. Mas chega a impressionar o número de promessas que estão sendo feitas pelos novos governantes neste momento em que o país, em diferentes pontos mas principalmente na região serrana do Rio de Janeiro, vive outra tragédia em decorrência das fortes chuvas e da omissão do poder público em seus mais diversos níveis de atuação.


Nunca é demais lembrar que 2010 começou com as tristes imagens dos deslizamentos de terra em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, principalmente na região da baía da Ilha Grande, onde algumas pousadas à beira mar foram soterradas em plena madrugada de reveillon. Em seguida, veio a destruição de São Luiz do Paraitinga, no Vale do Paraíba, em São Paulo, quando a histórica cidade veio abaixo. Alguns dias a mais e Niterói assistiu o “desaparecimento” do morro do Bumba, vitimando centenas de pessoas. Em todas essas catástrofes recentes, a mesma história: governos federais e estaduais lamentando os mortos, mas garantindo empenho para que situações parecidas não se repetissem.


Em Guarulhos, a mesma situação. Ano passado Vila Any e bairros próximos, às margens do rio Tietê, submergiram. Em outros pontos da cidade, deslizamentos em áreas de proteção ambiental, ocupadas ilegalmente, deixando desabrigados a perder de vistas. Por sorte, na cidade, o número de vítimas fatais foi bastante pequeno frente ao tamanho dos estragos.


Na quinta-feira, a presidente Dilma Roussef (PT) foi até as regiões afetadas no Rio de Janeiro e prometeu liberar verbas para ajudar na reconstrução das cidades atingidas. Repetiu as mesmas promessas feitas pelo ex-presidente Lula no ano passado. Espera-se que, diferente de seu antecessor, o dinheiro chegue, já que mais da metade das verbas emergencias definidas pelo governo federal no ano passado não foram utilizadas.


Em São Paulo, a mesma coisa. Em meio a catástrofe de janeiro passado, promessas e mais promessas. O então governador José Serra (PSDB) garantiu de pés juntos que estaria liberando verbas para o desassoreamento imediato do rio Tietê. Até o Baquirivu seria beneficiado. Mas nada foi feito. Novamente, o sucessor, o agora governador Geraldo Alckmin vem a público para anunciar verbas emergenciais para o mesmo fim.


Em Guarulhos, o prefeito em exercício Carlos Derman, já que o titular está em férias no exterior, cria um plano emergencial para ajudar as famílias atingidas pelas chuvas na cidade. São ações exatamente iguais às definidas no ano passado, sem tirar nem por. A Vila Any está debaixo dágua, morros em diferentes bairros desbarrancam, desabrigados são levados para escolas, entre outras ações parecidas.


Tudo isso serve para ilustrar como tanto governo federal, como estadual e municipal são muito bons em promessas mas pouco efetivos em realizações. Houvesse seriedade no que foi dito em 2010 – isso para não citar anos anteriores – os estragos agora poderiam ser menores, por maiores que fossem as chuvas. O pior de tudo isso é saber que já dá para prever quais serão as manchetes dos jornais de janeiro de 2012.

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