Não existe uma estatística oficial sobre o número de guarulhenses que vivem na cidade mas trabalham em São Paulo. Nem tampouco um levantamento sobre o inverso. Pelo movimento nos meios de transportes e vias que ligam as duas metrópoles, convenciou-se dizer que existe um certo equilíbrio, ou seja, o número é mais ou menos igual. Um exemplo: a rodovia Presidente Dutra fica congestionada nos dois sentidos nos chamados horários de pico, numa demonstração de que tanto há guarulheses indo como vindo.
Porém, em dias como neste 25 de janeiro, feriado apenas na Capital, data de seu aniversário, muitos guarulhenses – justamente aqueles que trabalham lá – têm um dia de folga. Quem não aproveita para viajar, acaba ficando em Guarulhos. Essa pode ser uma explicação plausível para o verdadeiro caos que se tornou o trânsito na região central da cidade ontem. Bastou essa população a mais ir para as ruas para que o frágil sistema viário do município entrasse em colapso.
E não se trata de qualquer exagero. A evidente falta de planejamento por parte da municipalidade fica evidente. Em dias normais, já é possível perceber a fadiga do sistema, que não suporta esse tráfego extra. E olha que apenas algumas poucas escolas particulares já retomaram as aulas. Se isso ocorresse em pleno ano letivo, quando o movimento é bem maior, o caos seria ainda maior.
Porém, essas experiências negativas deveriam servir de alerta para as autoridades. Esse trânsito extra, registrado no feriado de São Paulo, em muito pouco tempo deverá ser incorporado pela cidade, à medida em que os novos (dezenas, diga-se) empreendimentos imobiliários forem sendo entregue a seus novos moradores. Muitos, com duas vagas nas garagens, despejarão nas ruas um grande número de veículos a mais. E nossas vias já obstruídas, com certeza, não suportarão.
Para não dizer que passou dois anos apenas pensando em Bilhete Único (um fracasso até aqui), a Secretaria Municipal de Transpotes e Trânsito anunciou tempos atrás um plano macro para garantir a fluidez do tráfego. O planejamento a longo prazo prevê alargamento de grandes avenidas, contrução de viadutos e até de túneis, numa demonstração que se pensa no futuro. Porém, muito pouco é feito para o curto prazo. Para o imediato. Soluções paliativas ficam muito aquém das reais necessidades da população. Antes, colocavam tachões no asfalto. Agora, é um semáforo atrás do outro sem um pingo de coerência, o que serve apenas para represar ainda mais o trânsito.
Quando a administração municipal teve a oportunidade de realizar uma grande obra, gastou mundos e fundos do Viaduto Cidade de Guarulhos, uma obra faraônica que pouco ajudou a região central. E os problemas se repetem nos quatro cantos do município. Uma das falhas do novo sistema de transportes, por exemplo, pode ser creditada justamente à falta de vias para o escoamento dos ônibus urbanos. Por mais que se queira apresentar alguma agilidade, o transporte coletivo acaba parado nos constantes congestionamentos que se espalham por toda Guarulhos. Hoje, a cidade corre atrás de seu próprio rabo, numa demonstração de que as soluções ainda estão um tanto distantes.