Opinião

Quem vai cuidar de nossas crianças

Guarulhos convive com um sério problema, comum a grandes cidades brasileiras, e que mais uma vez foi revelado por este HOJE na edição passada.


 Trata-se dos problemas decorrentes da internação de crianças e adolescentes nas Casas Abrigos, mantidas pela Prefeitura em diferentes bairros da cidade. Lógico que ninguém quer ou defende que esses pequenos, muitas vezes vítimas de uma sociedade injusta, sejam tratados como marginais. Ningúem, em sã consciência, pretende encarcerá-los e submetê-los a algum regime rígido.


Essas casas, como o próprio nome diz, foram criadas para abrigar menores em situação de risco social. Vários deles vão para lá por terem sido rejeitados por suas famílias. Por problemas diversos, acabaram nas ruas ou foram vítimas de violência doméstica, sendo encaminhados pelos conselhos tutelares e pela Justiça a fim de terem um tratamento digno, a fim de serem reinseridos na sociedade. Mas, por problemas de estrutura e até de condução insatisfatória do poder público, esses garotos e garotas convivem com outras crianças e adolescentes infratores, usuários de drogas e que mereceriam um tratamento diferenciado.


Diante de tantos problemas, sobram reclamações entre a população que vive nas proximidades dessas casas. Como mostrou a reportagem, muitas dessas crianças aterrorizam os moradores das redondezas, invandindo escolas, mexendo com as pessoas, até ameaçando e assaltando. Também há histórias de que muitos funcionários desses locais vivem sob a ameça dos infratores. Intimidades, raramente fazem alguma denúncia pública, o que dificulta ainda mais a resolução dos casos.


Gente que não sofre o problema na pele pode até entender que estão fazendo uma tempestade em copo dágua. Que tudo tem fácil solução, quando a realidade não é bem essa.


Infelizmente, a sociedade se mostra incompetente para tratar de certas feridas sociais, que estão longe de serem cicatrizadas. Diferente disso, continuam abertas. Só que muita gente prefere acreditar que é um problema alheio à sua realidade. Basta dar uma moedinha para o garoto que se exibe em frente a seu carro em um semáforo e a vida segue. O problema é que o farol volta a ficar vermelho de forma muito rápida. A luz amarela já acendeu faz tempo.

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