Opinião

Um dia em Interlagos, 17 anos atrás

Na última segunda-feira, era aniversário de Ayrton Senna. Faria 51 anos. Na quarta-feira, por coincidência, comemorou-se 20 anos da primeira vitória dele no Autódromo de Interlagos. Também por essas convergências do destino, na próxima sexta-feira, dia 1 de abril, completam-se 17 anos que estive cara a cara com nosso eterno tricampeão mundial, exatos 30 dias antes do fatídico 1º de maio, quando ele se foi em um curva de Ímola.


 


 Como essas datas são bastante marcantes, conto aqui o rápido e inesquecível encontro que tive com o ídolo. Foi em Interlagos. Ele apresentava a marca Audi, que estava trazendo para o Brasil naquele ano de 1994. Chamou a imprensa especializada para mostrar os modelos da marca. Tinha acabado de ingressar no jornal Shopping News, de São Paulo. Jamais havia pisado no templo sagrado do automobilismo.


 


Cheguei a conversar com Ayrton da maneira mais informal possível. Ele falava da Audi, porque havia decidido trazer os carros alemães para o Brasil, o que via de maior qualidade naqueles automóveis. Eram palavras simples. Tranquilas. Serenas. Apesar da proximidade do ídolo, não pedi um autógrafo. Não posei ao lado dele para uma foto. Nada. Apenas ouvia e, eventualmente, questionava sobre um detalhe ou outro. Estava ali como jornalista e não como fã. 


 


No momento de ir para a pista, um instrutor sentou-se no banco de passageiro para passar algumas dicas. Carro atrás de carro, ainda dentro dos boxes, nos dirigimos à saída, rumo à pista.


 


À minha frente, estava o carro pilotado por Ayrton. O instrutor não percebeu e me deu uma ordem, impossível de ser cumprida. “Acompanhe aquele carro!”, afirmou. Ainda tentando compreender toda tecnologia embarcada naquele automóvel e extasiado com a oportunidade de andar em Interlagos, olhei para o lado e perguntei: “você viu quem está pilotando aquele carro?”. Diante da negativa do interlocutor, emendei: “então tá. Me diga o que tenho de fazer e vamos para a pista com bastante calma”.


 


Enquanto o carro da frente desaparecia na reta oposta, eu comecei a pisar no acelerador para seguir adiante e cumprir meu destino. Naquele dia, como se fosse um sonho, iniciee meus trabalhos na imprensa automotiva. 17 anos se passaram. Ayrton partiu. Nós o seguimos. Sempre.


Ernesto Zanon


Jornalista, diretor de Redação do Grupo Mídia Guarulhos, escreve neste espaço na edição de sábado e domingo.


Twitter: @zanonjr

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