Opinião

A insatisfação da classe médica

Não bastassem os graves problemas enfrentados pela população que necessita de atendimento da rede de saúde pública em todo o país, está marcada para esta quarta-feira, 7 de abril, Dia do Médico, uma paralisação de 24 horas dos profissionais que atendem aos planos de saúde privada. De acordo com a Associação Médica Brasileira (AMB), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Federação Nacional dos Médicos (Fenam), organizadores da greve, os procedimentos de urgência e emergência serão mantidos e apenas as consultas e os exames serão remarcados.


Cerca de 160 mil médicos atendem por intermédio de planos de saúde em todo o país e mais de 45 milhões de brasileiros usam a rede de saúde suplementar. Em Guarulhos, a greve não deve ter grandes consequências, já que um dos maiores planos que atendem a população local é justamente a Unimed, uma cooperativa de médicos que, por razões óbvias, não deve sofrer com a paralisação, já que ela é uma propriedade dos próprios profissionais. Ou seja, não existe lógica numa paralisação contra eles mesmos.


Mesmo assim, a paralisação merece ser bem avaliada, já que demonstra a insatisfação dos médicos com os baixos honorários pagos pelas operadoras de planos de saúde. Ou seja, o atendimento médico no Brasil deixa a desejar até a quem paga nem sempre pouco por um plano de saúde. Ou seja, mesmo os consumidores que conseguem pagar para ter um atendimento, em tese melhor, são prejudicados.


Afinal, não é novidade para ninguém que muitos profissionais, justamente por não serem remunerados a contento, não vêm prestando um atendimento de qualidade a seus pacientes de planos de saúde. Há dificuldades para a marcação de consultas, conforme o HOJE já mostrou em reportagem publicada no ano passado.


Além deste problema, há muitas reclamações também em relação à qualidade no atendimento nos mais diversos planos, quando alguns médicos – que não se generalize – marcam um grande número de consultas no mesmo horário para faturar na quantidade, deixando os pacientes por horas nas “confortáveis” salas de espera.


Houvesse um atendimento de qualidade do setor público, com certeza, os planos de saúde precisariam encontrar outras formas para atrair mais clientes. Talvez a solução seja investir em profissionais melhor remunerados. Ou seja, ocorreria um efeito cascata no sentido inverso ao que se assiste hoje.


 

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