Mais uma vez, lamentavelmente, é necessário voltar a tocar um assunto que parece nunca ter solução: as interrupções de energia elétrica em diferentes pontos da cidade ao menor sinal de chuva ou tempo ruim. E olhe que o período de temporais, comuns no verão já passou. No domingo, conforme reportagem publicada na edição de ontem, vários bairros da região central ficaram sem luz desde o final da tarde até por volta das 22h, logo que uma chuva – não muito forte – caiu sobre a cidade. Na terça-feira, bastou começar a trovejar, para a energia voltar a cair. Desta vez, voltou em seguida, porém, deixou muita gente com receio de ter aparelhos elétricos queimados, algo também mais comum do que se imagina.
Nesses momentos, o consumidor que tenta fazer uma reclamação ou mesmo comunicar o problema a EDP Bandeirante Energia acaba mais frustrado ainda. Depois de esperar por longos minutos ao telefone, ouve uma gravação e só é atendido por uma pessoa – que mais parece uma máquina, já que as respostas são padrão e nunca satisfazem os interlocutores – que informa sempre a mesma coisa. “O problema será resolvido em três horas”. Além de ser um chute, nem sempre – ou quase nunca – a luz volta neste tempo.
Na segunda-feira, a assessoria de imprensa da EDP reconheceu que houve problemas nas regiões apontadas pela reportagem. Mas negou que a interrupção tenha se estendido até os horários apontados pela população. Ou seja, nem dentro da companhia há algum tipo de entendimento, o que esperar então de atenção ao consumidor? Afinal, os cortes sempre ocorrem, segundo as desculpas oficiais, em decorrência da queda de galhos de árvores na rede de energia. Oras, passa da hora de encontrar algum tipo de solução para algo que soa medieval.
Se houvesse um serviço de manutenção preventiva que previsse todos os tipos de intempéries da natureza, os problemas seriam bem menores. Pelo número de reclamações reincidentes, percebe-se que a empresa não trata os consumidores com o mínimo de respeito. Pior: não existe a quem reclamar. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsável por regular o setor, mais parece uma filiar da EDP, que – assim como a “matriz” – não resolve absolutamente nada.
Passa da hora de Guarulhos, por meio de seus representantes legais, exigir soluções de fato para um problema real que prejudica diretamente a população.