Opinião

Cortes ao desarmamento

Antes que a esdrúxula ideia do presidente do Senado, José Sarney, tome corpo e um novo plebiscito – ou referendo – seja marcado para outubro para voltar a proibir (ou restringir) a venda de armas a pessoas de bem, é bom que a sociedade fique atenta a movimentos que ajudam a armar as pessoas de mal.


 


O contingenciamento no Orçamento da União, determinado por decreto assinado em fevereiro pela presidente Dilma Rousseff, acertou em cheio o Ministério da Justiça, que tinha orçamento previsto de R$ 4,2 bilhões para 2011, mas teve um corte de R$ 1,5 bilhão. Imediatamente, atingiu a Polícia Federal, que já revisa as verbas necessárias para a fiscalização em regiões de fronteiras e ações de combate ao narcotráfico e contrabando de armas.


 


Apesar do alto escalão do governo federal negar, o dia a dia das operações foi prejudicado devido à suspensão dos gastos com diárias para delegados e agentes. Segundo reportagem publicada ontem pela Folha de S.Paulo, há relatos de problemas estruturais, como o fechamento de um posto na fronteira com o Peru, e da falta recursos para manutenção de carros, compra de combustíveis e coletes à prova de bala. Até a Operação Sentinela, realizada com a Força Nacional de Segurança e a Polícia Militar nos Estados, está amealhada.


 


A ação combate crimes como tráfico internacional de drogas, entrada de armas, contrabando e imigração ilegal. Houve redução do efetivo desde a Amazônia até o Rio Grande do Sul. Lembre-se que a atuação da PF nas fronteiras abrange uma linha de 16.399 km.


 


Há ainda diversos projetos que necessitam de verbas que estão sendo descontinuados. Até o famoso Vant, de fiscalização com um avião não tripulado, que tanto deu o que falar durante a campanha eleitoral, quando o candidato José Serra acusou o governo Lula de ter gasto muito dinheiro com o projeto sem colocá-lo em prática, deve atrasar.


 


Ou seja, de nada ou pouco adianta a população ficar debatendo medidas para desarmar as pessoas de bem caso o governo federal não faça sua parte em relação ao perigoso contrabando de armas, esse sim responsável pela maior parte da violência que assola o país. Se preferirem enxugar gelo, deem continuidade ao plebiscito do Sarney. Caso optem por soluções concretas, urge melhorar o repasse voltado à fiscalização efetiva de nossas fronteiras.

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