Opinião

Escrever certo por linhas certas

O Ministério da Educação e Cultura, sob a chancela do titular da pasta Fernando Haddad, está prestando um desserviço ao país. Perto de meio milhão de jovens e adultos estão recebendo livros que lhes “ensinam” a comunicar-se erroneamente. E não se trata de erros de impressão, como alguns podem até pensar. Trata-se do documento Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), baixados pelo MEC para serem seguidos por todas as escolas e livros didáticos do país. O livro “Por uma Vida Melhor”, da ONG Ação Educativa, uma das mais respeitadas na área, distribuído a 4.236 escolas do país, traz frases como “Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado”.


Também constam da publicação: “nós pega o peixe” e “os menino pega o peixe”. Os autores do livro consideram que deve-se deixar em segundo plano o conceito de se falar “certo”. Deve prevalecer a ideia do “adequado” ou “inadequado”. Sob esse prisma, o mais importante é ocorrer a comunicação escrita ou falada, mesmo que não seguindo a gramática corrente no país. Os novos parâmetros defendidos pelo MEC indicam que a escola precisa livrar-se de alguns mitos.


Os exemplares do livro que contém o que para muita gente séria na área de Educação, atrocidades não serão retirados de circulação. Para o MEC, o livro “estimula a formação de cidadãos que usem a língua com flexibilidade”. O propósito também é “discutir o mito de que há apenas uma forma de se falar corretamente”, defendeu a pasta.


Por mais argumentos que o ministro Haddad possa ter, não é possível admitir estimular o ensino de forma deturpada, como vem se fazendo. A ideia é simples. Se é para educar, por que então admitir ir para um caminho distorcido? Não é honesto incentivar, de forma oficial, os erros. E não se trata de derrubar mitos, mas sim de defender a língua portuguesa, em um momento que, cada vez mais, se vulgariza a comunicação em redes sociais, com abreviaturas ou códigos que só atrapalham o aprendizado.


No momento em que o MEC admite a vulgarização da língua,  praticamente se dá um atestado à incompetência. Escrever errado, por um motivo ou outro, é algo possível de se aceitar. O que não pode é admitir a instituição do erro nos currículos escolares. É o mesmo que assumir um atestado de incompetência na arte de educar.

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