Sempre que um meio de comunicação mexe em alguma ferida que atinge determinado setor público sempre haverá pessoas, nem sempre bem informadas ou intencionadas, que saem dizendo que se trata de perseguição política, que há falta de foco, que existem questões mais importantes para serem tratadas etc etc etc… O caso Palocci é um exemplo disso. Ontem, até a presidente Dilma Roussef (PT) saiu em defesa de seu ministro forte, um dia depois que o ex-presidente Lula foi a Brasília para tentar domar o caso. O discurso é o mesmo. Até parece cartilha decorada. Qualquer um tem o direito de ganhar seu dinheiro na iniciativa privada e Palocci, por meios legais, justificou sua meteórica riqueza. O problema maior – o tráfico de influência implícito nessas ações – fica esquecido pela tropa de choque.
Mais uma vez, assim como ocorreu no caso do Mensalão que chegou bastante próximo ao ex-presidente e levou de roldão figuras importantes do poder, como o próprio Palocci e ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, vende-se ao país que a culpa é da imprensa. A tal da mídia golpista como querem alguns. Não demorará para que levantem de novo aquela história de criar mecanismos para o controle dos meios de comunicação. É a forma mais fácil de calar quem incomoda.
Em Guarulhos, não é muito diferente. Bastou o HOJE publicar os exorbitantes valores gastos pela Secretaria Municipal da Educação com o Salão do Livro para que alguns leitores começassem a criticar a postura do jornal, que não estaria levando em conta que o evento privilegiou a difusão da cultura. Sem dúvidas, em momento algum se questiona a qualidade da feira nem seus objetivos, aparentemente, bastante nobres.
O problema maior é o poder público desembolsar R$ 5,5 milhões para que editoras – a iniciativa privada – tenham um público privilegiado para comprar seus produtos. Tanto é assim que a própria Secretaria informou que eles faturaram nada menos do que R$ 6 milhões na venda de livros.
Um verdadeiro negócio da China para os livreiros. A Secretaria patrocina tudo e eles só têm o trabalho de faturar. Lógico que o banho de cultura, promovido pelos debates e exposições dos autores convidados foi fantástico e merece elogios. Mas também é evidente que o poder público não precisaria gastar tanto dinheiro desse jeito. Claramente não houve qulquer cuidado com a coisa pública.