A cada minuto que passa, a presidente Dilma Roussef (PT) consegue se desgastar um pouco mais sua imagem devido aos estragos causados pelo caso Palocci, que envolve diretamente seu ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. Apesar de todos contraditos e defesas públicas de boa parte das lideranças do PT em todo o Brasil, a expectativa geral dentro do partido é a de que Dilma dê um desfecho ainda no início da semana para a novela, que já se arrasta há mais de 20 dias.
O comando do PT já sabe, a partir de pesquisas internas do governo, que começa a ocorrer a corrosão da popularidade da presidente na esteira do episódio. Os petistas entendem que as explicações do ministro, sexta-feira ao Jornal Nacional da Rede Globo, foram evasivas, o que deve gerar novas revelações a conta-gotas sobre bens e clientes de Palocci. Teme-se já que a avaliação de Dilma despenque. Para piorar a situação, a demora numa decisão, que deveria ser pelo afastamento do ministro, demonstra a fragilidade da presidente, que parece não ter pulso para uma medida já dada como certa no poder.
A decisão pelo afastamento de Palocci, mesmo que provisório, só ocorrerá após o aval do ex-presidente Lula, que já defendeu publicamente o ministro, garantindo não haver nada demais no enriquecimento dele como um bom consultor na área econômica. Ou seja, aceitar a saída de Palocci, para Lula e para o PT como um todo, significa admitir que a Oposição estava certa na insistência de investigá-lo. Houvesse uma decisão rápida, a partir das primeiras evidências, o assunto sairia rapidamente da pauta política e causaria menos estragos. Agora, corre-se o risco de entregar o ministro aos leões. Sem o cargo, ele pode se tornar uma presa fácil em um possível Comissão Parlamentar de Inquérito.
Para o PT, seria o pior dos mundos, já que senadores e deputados de partidos de Oposição correm por fora em busca de evidências que possam ligar os clientes de Palocci às doações de campanha de Dilma, em 2010. Se isso ocorrer de fato, por mais que o Governo tenha ampla maioria no Congresso, corre o sério risco de sair fragilizado demais, a ponto de não conseguir se impor em votações que julga importante p ara a governabilidade.
Que Dilma, espera-se não tenha nada a temer, demonstre força o mais rápido possível e exerça o poder que tem como presidente da República, afastando imediatamente seu homem forte. Depois, recupera o prejuízo que se demonstra inevitável.