Opinião

A próxima vítima entra em cena

Antes que queiram atribuir à imprensa os desfeitos praticados por importantes figuras do primeiro escalão do governo federal, como se tornou praxe durante os dois mandatos de Lula na Presidência e agora com Dilma, é importante identificar o que pode existir por trás das novas revelações que – mais uma vez – acertam em cheio não só o primeiro escalão, mas, principalmente, petistas históricos.

Reportagem da revista “Veja” desta semana apontou o ex-senador e atual ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, que concorria com José Serra (PSDB) ao governo paulista, em 2006, como um dos mentores de uma operação que consistiu na compra de um dossiê para tentar incriminá-lo, em um episódio que ficou conhecidos como “escândalo dos aloprados”.
Líderes da oposição defendem agora a reabertura das investigações pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, que acabaram sendo arquivadas por falta de provas. A fonte da revista é um ex-diretor do Banco do Brasil, que teria revelado em conversa com petistas que Mercadante não só sabia, como participou do esquema para comprar um falso dossiê vinculando Serra ao empresário Luiz Antônio Vedoin, denunciado no escândalo da máfia das ambulâncias.

Coincidentemente, a história vem à tona logo depois que o governo federal parece ter conseguido se assentar após o afastamento de Antonio Palocci da Casa Civil. Ressuscitar o “escândalo dos aloprados” agora pode até parecer uma história requentada. Mas há algo mais que pode sim ser encarada como uma ação orquestrada para desestabilizar o Planalto.

Um novo desgaste político, envolvendo nome de grande relevância para o PT, colocará Dilma novamente à prova. Se foi hábil na troca de Palocci, quando conseguiu retomar o controle político, como será em um segundo embate?

Dificilmente, a tropa de choque do governo Dilma permitirá que o assunto ganhe maior importância, se o tema se ater só nas denúncias da Veja desta semana. O problema é que o telhado pode ter mais vidros do que se possa imaginar e a presidente, leia-se a base de sustentação, fique mais frágil ainda. Também ninguém se espantaria se os responsáveis por uma denúncia atrás da outra seja alguém muito mais próximo do poder central do que se possa imaginar. Se for isso, nao faltará combustível para alimentar essa fogueira.

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