Opinião

Sindicâncias apenas disfarçam o caos

“Como prefeito, e acima de tudo como pai, lamento o que ocorreu. O bebê chegou ao Hospital Municipal da Criança em uma situação gravíssima e tudo foi feito para salvar sua vida, que felizmente foi preservada. Já determinei a instauração de uma sindicância para apurar os fatos e me solidarizo com a família.” Isso foi tudo o que o prefeito de Guarulhos, Sebastião Almeida (PT), teve a dizer ao HOJE, após o fechamento da edição de ontem, sobre a notícia publicada com exclusividade pelo jornal na terça-feira e que ganhou repercussão em todo o Brasil. Ou seja, mais uma vez o chefe do Executivo, como já se tornou praxe na atual administração, procura fugir do problema, escondendo-se atrás da cadeira, jogando para as intermináveis e burocráticas sindicâncias uma solução que nunca chega.


A comissão interna da Secretaria Municipal da Saúde que deveria dar um veredicto sobre as mortes de 14 crianças no mesmo HMC no período de dois meses tinha o último dia 1º como prazo para finalizar o trabalho. Como informou o HOJE no final de semana, o secretário da Saúde, Carlos Derman, deu mais um mês de prazo, tentando tirar dos holofotes da mídia as verdades do fato. E é assim que age a administração municipal. Tudo é normal, tudo é natural, a culpa pelas mortes sempre é da população, que – sabe-se porque motivo – tem a mania de ficar doente. Daqui a pouco vão dizer que o pequeno Wallas Kevin foi o responsávl pela perda do dedo, já que – para Almeida e seus secretários – ninguém erra na Prefeitura e o atendimento prestado é o melhor do mundo.


Lamentavelmente, com a complascência da Câmara Municipal, a Prefeitura de Guarulhos se demonstra omissa. Pior. Não reconhece os fatos, não pune ninguém. As autoridades passam por cima dos anseios da população sem o menor pudor. Enquanto crianças morrem nos hospitais ou perdem seus dedos ou a dignidade,  tenta-se convencer que tudo faz parte da vida.


Ora, se alguém busca o atendimento médico é porque precisa. Porque não tem condições de tentar a rede particular ou por convênios em planos de saúde, que também deixam a desejar. Com tantos problemas, que se acumulam dia após dia, o mínimo que se esperava de um prefeito era uma ação com energia. À medida que nada faz, Almeida assume as responsabilidades para si. Ele tem o poder. Se nada faz,  é porque concorda com os procedimentos de seus subalternos. Depois, não poderá dizer que não sabia de nada.

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