No momento em que tramita no Congresso Nacional a necessária Reforma Política, urge que a sociedade fique atenta às mudanças que estão sendo propostas. Uma delas, defendida pelos governistas, pode significar uma grande armadilha à democracia brasileira. Por mais que não exista um sistema eleitoral perfeito. Nem o voto distrital nem o voto proporcional são capazes de eliminar a corrupção, a imoralidade e o desperdício de dinheiro público que se tornaram endêmicos no país. Entretanto, não se pode abrir mão do poder do voto e da escolha livre sempre em busca de maior representatividade.
O voto proporcional misto com lista fechada figura como um atentado ao poder de escolha dos eleitores. Os defensores da proposta, em nome do “bem comum”, querem o fim do direito dos eleitores escolherem os deputados, obrigando-os a votar apenas no partido. Os candidatos seriam selecionados pela cúpula partidária, o que – na prática – asseguraria a eleição permanente dos caciques das legendas. Ou alguém duvida que eles encabeçariam o topo da lista partidária e teriam cadeira cativa na Câmara?
Na direção oposta, a substituição do sistema atual pelo voto distrital é um caminho direto para a maior representatividade. No novo sistema, cada estado brasileiro seria dividido em distritos com algumas centenas de milhares de eleitores. Por exemplo: dentro de São Paulo, Guarulhos – com seus cerca de 800 mil eleitores – teria dois ou três distritos, sendo que cada um deles elegeria um único deputado pelo voto majoritário de seus eleitores. Simples. Os eleitos representariam diretamente a população que os escolheram. E seriam cobrados de perto por tanto.
Desta forma, o voto distrital prioriza o fortalecimento das instituições democráticas. Hoje, apenas 36 dos 513 deputados federais se elegeram com votos próprios. Os demais se beneficiam dos chamados votos da legenda, das coligações partidárias e das celebridades que “puxam” votos para conquistar uma cadeira no Congresso, como ocorreu no ano passado com o palhaço Tiririca que carregou mais de uma dezena de candidatos com ele.
O voto distrital permite ao eleitor cobrar e fiscalizar o seu representante e julgar com mais propriedade o seu desempenho no Congresso. Alguém tem alguma dúvida sobre o que é melhor para o Brasil?