Opinião

Inflação começa a fugir do controle


Por mais que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, faça discuros um tanto enfadonhos para tranquilizar a população de que a inflação no Brasil está sob controle, o que se vê no dia-a-dia é algo bem diferente. Não bastassem os preços no supermercado serem reajustados com uma frequência absurda, agora o brasileiro começa a sofrer os efeitos da alta inesperada do dólar, em torno de 20% em menos de dois meses. Nesse sentido, as autoridades – inclusive a presidente Dilma Roussef – falam apenas que o momento é de calma e que o país começará a sofrer os efeitos da crise internacional. Ou seja, as histórias tão pregadas pelo ex-presidente Lula, o grande mentor da atual presidente, de que o Brasil já havia atingido um patamar econômico que o manteria distante dos problemas do resto do mundo, não se concretizam.


Com o dólar em alta, já se difunde a ideia de que os preços internos começarão a subir, já que estão contaminados pela moeda norte-americana. Até a soja que se produz por aqui aumentará porque é cotada pelo dólar. O trigo, importado da Argentina, usado para produzir nosso pão de cada dia, idem. A carne de nosso gado, que precisa da ração, cuja base é a soja internacionalizada, ficará mais cara. E assim por diante. Estima-se que só essa alta repentina da moeda norte-americana se reflita em pelo menos 0,5 pontos percentuais na inflação imediatamente.


De outra parte, pouco se vê da parte do governo medidas que levem em consideração esses percalços econômicos. Os ajustes da máquina estatal, responsável por grande parte dos custos públicos, não se concretizam. A União segue gastando mal numa máquina inchada e bastante ineficiente. Não à toa, o governo tenha defendido com unhas e dentes aumento na arrecadação com a criação de um novo imposto.


Como não obteve sucesso em sua empreitada, haverá grandes dificuldades para reverter o quadro, já que as prioridades sociais nem sempre vão encontro com os verdadeiros anseios da população. Via de regra os recursos disponíveis visam agradar grupos políticos que possam dar sustentação ao Governo, quando deveriam ser dispensados a suprir as necessidades da população. Desta forma, a inflação que já escapa ao controle deve penalizar ainda mais a sociedade e os setores produtivos.

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