Não muito tempo atrás, escrevi aqui sobre como as redes sociais estavam mexendo com nossas vidas. Esperava não voltar a abordar esse assunto tão cedo, mas não resisti ao perceber a velocidade como esses sites de relacionamento interpessoal passaram a integrar nosso dia-a-dia. A todo momento, quase que como um vício – se já não o for – estamos lá, no telefone celular ou no tablet, conectados ao mundo e dividindo com amigos, conhecidos e muita gente que a gente nem sabe quem é nossos pensamentos.
Noite dessas, em um jantar comemorativo de uma grande empresa, oferecido à imprensa, olhei de um lado e estava lá um colega em seu celular enfiado Facebook a dentro. Do outro, a mesma coisa, em frente idem. Imaginem o que eu fazia naquele exato momento? Sim, em vez de estarmos ali aproveitando o momento, jogando conversa fora, falando de futebol, de nossas famílias, estávamos ligados ao mundo, deixando de lado – literalmente – aqueles em que quase esbarrávamos.
As facilidades que o avanço da tecnologia nos trazem são responsáveis por essa nova realidade. Ainda não consegui encontrar alguém com a devida propriedade que pudesse avaliar se tudo isso é positivo ou não. Mas repito. Até agora, apesar desses escorregões sociais, não percebi que as redes pudessem interferir de forma negativa em minha vida. Vez ou outra, a esposa e o filho torcem o nariz, quando estou fuçando no Twitter ou no Facebook, após um longo dia de trabalho. Mas percebi que eles já entenderam que isso já faz parte de nossas vidas.
Na hora do futebol, quando acompanho meu Corinthians na solidão da minha casa, as redes funcionam como o estádio onde desabafo minhas angústias quando o time está perdendo, quando acho que o juiz erra e na alegria na hora do gol. Lógico que não faltam provocações – sempre sadias – às torcidas adversárias. Faz parte do jogo.
Dia desses, ninguém é de ferro, eu acabei por usar as redes para um desabafo sobre alguns problemas pessoais que estou passando. Algo inerente ao ser humano, que vive de altos e baixos, mas nada desesperador.
Para minha surpresa, em poucos minutos, amigos próximos até gente muito querida que há muito não vejo, mas nunca deixei de admirar, se manifestaram solidários à minha dor momentânea. Considerei aquilo mais do que válido, numa demonstração de que Facebook e Twitter também servem para nos levantar, entre muitas outras possibilidades que vamos descobrindo no dia-a-dia. Uma certeza: estamos como peixes na rede.
Ernesto Zanon
Jornalista, diretor de Redação do Grupo Mídia Guarulhos, escreve neste espaço na edição de sábado e domingo
No Twitter: @ZanonJr