Opinião

A volta do “Prendo e arrebento”?

Não pegou nada bem nem para ele e muito menos para a presidente Dilma Rousseff as declarações do ainda ministro do Trabalho, Carlos Lupi, presidente licenciado do PDT, sobre sua permanência no cargo nem que seja a força. Dizer que só sai “a bala” colocou em xeque a própria liderança e o comando da presidente da República, deixando claro que o governo federal pode estar dividido em feudos e que “ninguém” vai mexer com a parte que lhe cabe.


No dia seguinte, após Dilma demonstrar – logicamente – que não gostou nada nada das declarações, Lupi tentou voltar atrás, dizer que não fazia uma afronta à presidente, mas que estaria batendo de frente com os acusadores, a quem chama de denuncistas, como se tornou praxe em todas as quedas de ministros desta administração. A emenda pode ter sido pior que o soneto, já que ele não convenceu ninguém e está sim prestes a perder o cargo. Mesmo que sobreviva agora, diferente do que afirmou, dificilmente vingará após a precoce reforma ministerial, prometida para janeiro próximo.


Aliás, as declarações de Lupi jogaram mais lenha na fogueira, no que se refere a falta de comando que existe no governo federal. Infelizmente, para o país, o loteamento do ministério de Dilma, necessário para garantir importantes apoios durante a campanha e consolidar o projeto do PT de manutenção do poder, fez com que a presidente precisasse se render aos mais diversos interesses.


Assim, o PCdoB é o dono do Esporte. O PMDB do Turismo, o PR dos Transportes e assim por diante. Todos que caíram, devido a graves denúncias veiculadas na mídia, deixaram em seus lugares colegas de partido, com poucas forças para levar adiante a faxina ética tão prometida pela presidente mas, que na prática, nunca ocorreu.


Agora, espera-se que o estilo Carlos Lupi, que lembra muito alguns políticos do passado, que faziam prevalecer suas vontades na base do “prendo e arrebento” não encontrem eco nesses tempos em que se quer calar a imprensa, justamente para que denúncias sobre o mau uso do dinheiro público nunca cheguem ao conhecimento da população.

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