Opinião

Ainda há chances para o etanol


Depois que, mais uma vez, os consumidores brasileiros foram ludibriados pelo governo brasileiro que incentivou a produção de carros bicombustíveis sem, no entanto, dar a mesma força ao setor produtor do etanol, o combustível verde que poderia fazer a diferença do Brasil para o mundo em busca da sustentabilidade, surge uma luz. Segundo reportagem do “O Estado de S.Paulo” publicada na quinta-feira, o BNDES vai oferecer R$ 4 bilhões de crédito para aumentar a produção de etanol, diminuindo seu custo. A linha de financiamento é para a renovação e ampliação de áreas de cultivo de cana-de-açúcar.


Trata-se de uma medida positiva, porém tardia. No final de 2011, com exceção de um estado, em todo o Brasil não compensava mais para os proprietários de veículos bicombustíveis abastecerem com o etanol, já que o alto preço aliado ao consumo maior favorecem – em alguns casos, de longe – o uso da gasolina, combustível derivado do petróleo, bem mais poluente. Isso ocorreu porque o governo federal, sobretudo no segundo mandato do ex-presidente Lula, deu as costas aos produtores de cana-de-açúcar. Assim, aqueles que continuaram investindo no setor, passaram a destinar a matéria prima à produção de açúcar, muito mais compensadora.


Agora, já que o problema mais grave do setor é a falta de novos canaviais e a renovação dos existentes, o governo vai despejar bastante dinheiro para reverter o quadro. Entretanto, o aumento da produção de etanol vai demorar em torno de três anos para chegar às bombas.


A decisão de plantar e o aumento da producão leva tempo. A própria renovação dos canavais, em um primeiro momento, reduz a produção. Ou seja, o consumidor deverá usar gasolina por muito tempo ainda.


A medida do governo é correta, mas o setor também tem de tomar atitudes que reduzam o custo atual da produção de etanol. Quem sabe, daqui a quatro ou cinco anos, o Brasil volte a ser referência na produção de combustível sustentável. Antes disso, dificilmente o país poderá se destacar no cenário mundial, conforme gostava de bradar o ex-presidente. Infelizmente, de novo, a irresponsabilide de alguns recai sobre o coletivo.

Posso ajudar?