Opinião

Em busca de novos ídolos

Desde a morte do inesquecível Ayrton Senna, em 1º de maio de 1994, o Brasil persegue um novo ídolo na Fórmula 1, um esporte elitizado que caiu nas graças do povo, graças – principalmente – à massificação pela Rede Globo, a mais influente emissora de televisão do país. Além de Emerson Fittipaldi, o primeiro campeão (sagrou-se bi, na verdade), o país brilhou nas pistas com José Carlos Pacce, cuja trajetória foi interrompida por um acidente fatal de helicóptero, e pelo tricampeão Nélson Piquet, que travou batalhas memoráveis com o rival Senna no final dos anos 80 e início dos 90.


Porém, com a perda do astro maior em Ímola, o Brasil precisava de um piloto que pudesse representar o país da mesma forma. Imediatamente, a própria Globo, detentora dos direitos de transmissão, apostou todas as fichas do ainda jovem Rubens Barrichello, um piloto de talento que, em momento algum de sua carreira, conseguiu chegar perto dos ídolos anteriores. Percebendo que não havia condições de emplacar com o Rubinho, ainda mais que ele passou boa parte de seu tempo como o segundo de Michael Schumacher, foi a hora de fabricar mais um “fenômeno” das pistas.


As apostas em Felipe Massa foram ainda maiores. Em pouco tempo, o brasileiro tomou o lugar de Rubinho na Ferrari, mas ainda como o número 2 do alemão, o maior campeão de todos os tempos. Porém, quando Schumacher decidiu deixar as pistas pela primeira vez e seria a hora de Massa, ele não convenceu. Acabou superado por outros companheiros de equipe e, neste ano, vai lutar apenas para tentar conseguir renovar seu contrato com a escuderia italiana. Aliás, algo pouco provável.


Assim, nesta toada de fabricar ídolos, chegou a hora de se venerar o sobrinho de Ayrton, Bruno Senna, que até agora não conseguiu ainda emplacar na Fórmula 1. Mas surge agora uma grande oportunidade para ele, ao assumir o lugar de Rubinho, na duvidosa Willians, por essas coincidências da vida, o mesmo time onde seu tio perdeu a vida. É uma esperança.


Mas também há poucas chances de que ele seja o cara que o Brasil tanto busca. Talvez, é até provável, que a Globo – a maior interessada nesse jogo todo – volte a perder outros preciosos pontos em audiência nesta temporada. Dificilmente, o brasileiro terá motivos para perder suas manhãs de domingo em frente à televisão. Uma pena.

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