Opinião

Lições deixadas por outra tragédia

Sempre que ocorre uma tragédia, além da natural comoção social que atinge as pessoas, a sociedade procura tirar possíveis lições dos problemas para que eles não se repitam. O desabamento de três edifícios no Centro do Rio de Janeiro, na noite da última quarta-feira, é um desses casos em que torna-se fundamental descobrir o quanto antes as causas para que outros casos parecidos não se repitam tanto lá como em qualquer outro lugar do país.


Quando ocorreu o desabamento do edifício Palace 2, também no Rio de Janeiro, no final da década de 90, de forma até natural, o poder público passou a avaliar com mais critérios as construções, já que naquele caso foi comprada a utilização de materiais sem qualquer qualidade na obra, como areia do mar, por exemplo. Os próprios consumidores também ficaram mais atentos em suas compras, para não serem ludibriados por empresários inescrupulosos.


Desta vez, pelas primeiras evidências, tudo leva a crer que os desabamentos dos três prédios tiveram origem em obras realizadas no interior de um deles. Seriam reformas realizadas em dois andares, sem qualquer registro oficial. É a velha prática, muito comum, de proprietários de imóveis não se importarem com o interesse coletivo, não se dando – muitas vezes – ao trabalho de comunicar os próprios vizinhos quanto mais as autoridades que deveriam regulamentar esse tipo de atividade. 


Muitos podem até achar que esta tragédia no Rio nada tem a ver com o cotidiano guarulhense. Sim. É pouco provável que uma situação parecida se repita por aqui. Porém, nada é impossível. Talvez, devido às limitações que o setor público tem para fiscalizar as grandes cidades, sobretudo o que ocorre dentro de quatro paredes, caberia sim ao cidadão comum ficar alerta e denunciar atividades que julgue inadequadas a seu redor.


Somente por meio de uma verdadeira rede de denúncias será possível ao cidadão comum cobrar medidas por parte do poder público, exigindo fiscalização e punição àqueles que podem, de alguma forma, colocar em risca a vida de outros. Vale sim o alerta. Que o exemplo do Rio de Janeiro sirva para que a situação não se repita.

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