Nesta semana, o empresário guarulhense Gilmar Loredo, conhecido por se envolver em diversas causas sociais, postou um comentário no Facebook, relatando sobre uma situação que ele viveu no estacionamento de um supermercado da cidade. Ao ver um carro estacionado na vaga reservada para portadores de deficiência, como cidadão, foi até o sujeito pedir para que saísse dali, numa prova de civilidade. Segundo contou, acabou recebido com insultos, que se generalizaram e por pouco não se transformaram em uma briga.
A manifestação contou com dezenas de comentários de outras pessoas que já passaram pela mesma situação ou que não se conformam com esse tipo de falta de respeito explícita, tão comum em nossos dias. Quase todos se solidarizaram com Gilmar, demonstrando que – pelo menos em tese – a sociedade ainda tem salvação. Há sim gente de bem que fica indignada com situações como essas. E somente com atitudes, que extrapolam os discursos, será possível mudar o mundo.
Porém, infelizmente, ainda é uma minoria que se digna a respeitar os direitos dos próximos. Pior: muitos que até têm essa consciência jamais vão brigar pelos outros. A atitude de Gilmar, que chamou a atenção de um folgado, em defesa de desconhecidos seus, já que ele mesmo não precisa utilizar essa vaga, é exceção. Isso se chama solidariedade. Uma palavra bonita, sempre apresentada em discursos inflados, mas que poucos praticam de fato.
Esse exemplo serve para mostrar que não precisa muito para ser solidário. Não é necessário mover céus e terras ou aparecer para as câmeras de TV. Basta ter atitude. Basta se apresentar, seja em que situação for, quando necessário. O próprio Gilmar, ao se manifestar na rede social, disse que pensou duas vezes antes, já que ele não queria usar aquilo para aparecer.
Felizmente ele escreveu e abriu um debate interessante, que suscitou uma série de outras reflexões. Mas a mais importante, creio, seja: “será que nós estamos fazendo alguma coisa de concreto para mudar nossa sociedade para melhor?”.
De nada adianta ficar 24 horas pendurado em um Facebook, se na hora agá você treme na base ou deixa para outra pessoa agir. Chama a atenção mais um fato, que muitas vezes predomina nessas ocasiões. Gilmar arriscou a própria pele. E se o tal folgado estivesse armado ou partisse para as vias de fato? Quem iria defendê-lo? Provavelmente vários de nós correríamos. Isso é o mais comum. Infelizemente, a omissão prevalece. Por isso, a gente é obrigado a aguentar tanta coisa errada. E isso vale para as mais diferentes situações. Respeito é bom e todos gostam.
Ernesto Zanon
Jornalista, diretor de Redação do Grupo Mídia Guarulhos, escreve neste espaço na edição de sábado e domingo
No Twitter: @ZanonJr