A discussão sobre liberação do aborto, que tomou conta de boa parte da campanha eleitoral de 2010, volta à tona no momento em que a presidente Dilma Rousseff nomeou Eleonora Menicucci para a Secretaria de Política para as Mulheres. A nova ministra é defensora de mudança na legislação relativa ao aborto. Ela própria afirma já ter passado por dois. A repercussão negativa junto a religiosos não é por menos. O cargo tem relação direta com o tema. Não seria de se estranhar que, na adminsitração da Pasta, que tem status de ministério, a ex-companheira de cela de Dilma, defenda seus princípios.
Imediatamente, assim como fez durante a campanha eleitoral, quando Dilma – diferente do que admitia anteriormente – saiu condenando o aborto, a presidente se apressa em garantir que o governo federal é contra esse debate. Tanto que mandou recado à bancada evangélica no Congresso pelo ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral): ela hoje é contra o aborto e ministro não tem posição individual, mas de governo.
“A presidente pediu que eu reafirmasse para a bancada que a posição do governo sobre aborto é a posição que ela assumiu na campanha eleitoral e que nós ministros, as posições que sustentamos publicamente não são posições individuais, são posições do governo e a posição do governo sobre essa questão [aborto] está absolutamente clara e assim vai continuar”, disse Carvalho ao participar de reunião com a frente, nesta quarta-feira, no Congresso.
Em Guarulhos, o bispo emérito dom Luiz Gonzaga Bergonzini já faz novas declarações contra as posições da presidente, também criticando a escolha de alguém que defende o aborto para um cargo tão importante e totalmente relacionado à causa. Talvez, a nova declaração da presidente deva servir para amenizar o quadro. Afinal, a palavra dela é a do governo. Deve prevalecer. Pelo menos, assim se espera.
Mas nunca é demais a sociedade organizada, tanto a bancada evangélica como segmentos da igreja católica, ficar atenta ao movimento no sentido de não permitir que o tema volte a ser debatido. Aborto é crime e assim deve ser tratado. Mais que isso, deve haver uma ação efetiva no sentido de punir as clínicas e profissionais que promovem a prática de forma clandestina, com investimento preventivo na prevenção à gravidez.