Quarta-feira, o meu Corinthians estreou em mais uma Libertadores na América, um campeonato que nunca conquistamos, é verdade. Tanto que todos nossos adversários adoram tirar um sarro por causa disso. Os grandes paulistas já faturaram o maior sonho dos corinthianos pelo menos uma vez. Se bem que nem todos, levantaram o título mundial neste século, como nós que conquistamos a taça da Fifa em sua primeira edição, conforme consta do site oficial da maior entidade do futebol mundial. Uma história que não se apaga.
A semana da estreia na Libertadores, aliás, não poderia começar melhor. Domingo, mais uma vez, liquidamos um dos adversários que já se acostumaram a perder para o Corinthians. Pelo Paulistão, o freguês São Paulo sucumbiu à força alvi-negra, em nossa casa, o Pacaembu. Assim, com a auto-estima lá em cima era hora de assistir, direto da Venezuela, o jogo contra o Deportivo Táchira, um timinho meia-boca que acumula derrotas e mais derrotas para equipes brasileiras.
Pois bem, foram 90 minutos de muito sofrimento, como sempre é para o corinthiano que se preza. Apesar de dominar a partida em seu início, o time tomou um gol espírita na metade do primeiro tempo e se desconsertou em campo. Foi a deixa para que dezenas de colegas postarem as mais diversas mensagens no Facebook e Twitter menosprezando o nosso Timão. Faz parte. Às vezes, até entendo que a obsessão pelo Timão vencer a Libertadores não é nossa, mas dos nossos oponentes.
Das 22h25, quando o Tachira inaugurou o marcador até 23h55, quando Ralf empatou aos 48 do segundo tempo, uma hora e meia de pura angústia. Nesse tempo todo, só assistia a partida e acompanhava os comentários. Felicidade geral de sampaulinos e palmeirenses, já que os santistas haviam desaparecido. Afinal, o time deles tinha acabado de perder para o imbatível The Strongest na altitude da Bolívia.
Meu garoto, o Matheus, nos seus nove anos, já estava inconformado. Falava: “Pai, hoje não vai dar”. Eu repetia insistentemente para ele: “Filho, calma. É Corinthians. Até o último instante há esperança”. Felizmente, valeu a escrita: o gol no final serviu para que a gente risse por último. E como diz o ditado. Rimos muito melhor.
Aliás, só entende isso quem é corinthiano. Essa coisa de conquista sofrida é a nossa cara.
Ernesto Zanon
Jornalista, diretor de Redação do Grupo Mídia Guarulhos, escreve neste espaço na edição de sábado e domingo
No Twitter: @ZanonJr